Publicado originalmente em inglês em 19/04/2021
- Resultados do 3T21 serão divulgados na terça-feira, 20 de abril, antes da abertura do mercado;
- Expectativa de receita: US$ 17,97 bilhões;
- Expectativa de lucro por ação: US$ 1,19.
Quando a fornecedora de produtos de consumo embalados Procter & Gamble (NYSE:PG) (SA:PGCO34) divulgar seu mais recente balanço trimestral amanhã, antes da abertura, os investidores vão querer saber se a reabertura da economia americana pode encerrar o impressionante ciclo de crescimento atual dessa empresa sediada em Cincinnati, Ohio. Sua valorização foi impulsionada pela tendência dos consumidores de fazer estoque de produtos e por seu maior foco em higiene durante a pandemia.
Produtos de limpeza e itens como produtos embalados e roupas de ficar em casa venderam muito nos meses em que as pessoas foram forçadas a ficar em causa para evitar o contágio por Covid-19. Mas, à medida que a campanha de vacinação acelera nos EUA, não está claro se os fabricantes conseguirão continuar se beneficiando das vendas robustas.
Essa perspectiva incerta talvez seja a principal razão para que as ações da P&G não tenham se movimentado tanto neste ano, após os impressionantes ganhos de 2020. Seus papéis fecharam na sexta-feira a US$ 137,25, uma queda de cerca de 1% no ano. No mesmo período, o S&P 500 valorizou-se 11%.
Outro fator que pode gerar desafios às empresas de produtos básicos de consumo é a escalada dos custos das matérias-primas, como plásticos e alumínio, e a forma como irão absorver essas pressões inflacionárias.
O Índice de Preços ao Produtor, medida dos valores que as empresas recebem por seus produtos e serviços, subiu 1% em março, de acordo com o Departamento de Trabalho. Aço, ferro, químicos industriais, diesel e resinas plásticas foram os que mais tiveram alta. O índice de inflação encerrou o mês de março com uma alta de 4,2% em relação ao ano passado, maior valorização em 12 meses em uma década.
Se pudermos nos basear na história, a inflação na verdade eleva a rentabilidade das grandes empresas. A elevação dos custos das matérias-primas geralmente sinaliza maiores margens de lucro, de acordo com um relatório do Wall Street Journal, que citou Jonathan Golub, estrategista-chefe de ações dos EUA do Credit Suisse (SIX:CSGN) Group:
“Quanto maiores os custos dos insumos, maior é o crescimento econômico geralmente, o que permite que as empresas repassem despesas adicionais com os preços mais elevados. Além disso, as despesas fixas, como equipamentos de fábrica, podem ser distribuídas pelas vendas maiores”.
A mais recente projeção da P&G não considera que essa tendência perderá a força muito rápido. A fabricante dos barbeadores Gillette e do sabão líquido Ariel, além de outros produtos domésticos, afirmou, em janeiro, que esperava que sua receita orgânica crescesse cerca de 6% no ano fiscal de 2021, uma alta em relação à última projeção de até 5%. A P&G também considera que seu lucro por ação crescerá 10%, uma melhora em relação à faixa de 5% a 8% prevista.
A gerência da P&G acredita que alguns dos hábitos adquiridos pelos consumidores durante a pandemia de Covid-19 serão mantidos, o que dará à companhia sediada um impulso de longo prazo. “O foco dos consumidores na saúde, higiene e limpeza doméstica foi alterado para sempre”, declarou o diretor-geral financeiro Jon Moeller à Bloomberg em janeiro.
“A demanda pode não permanecer no mesmo patamar de hoje, mas é difícil imaginar que, por exemplo, a limpeza das mãos volte a ser o que era antes”.
Conclusão
O ritmo de crescimento que a P&G tem visto não é sustentável para uma empresa de produtos de consumo embalados. Não seria justo sempre esperar trimestres espetaculares por parte da gigante P&G.
Dito isso, as ações da P&G continuam sendo nossa opção favorita para investidores que buscam renda. A empresa é uma das maiores pagadoras de dividendos dos EUA, distribuindo US$ 0,87 por ação de dividendo trimestral para um rendimento de 2,53%. Qualquer fraqueza é uma oportunidade de compra, em nossa visão.