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Pode Operar Tranquilo, Pois o Mercado Financeiro Melhora a Distribuição de Renda

Publicado 07.11.2021, 11:33
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Uma questão que intriga quem trabalha no mercado financeiro é a sensação de que nós somos insensíveis às questões sociais, mas isso não é verdade! Esse artigo vem trazer luz a esse assunto baseado na pesquisa realizada com Guilherme Cruz no COPPEAD - O Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da UFRJ.

Neste trabalho avaliamos o impacto das atividades bancárias na desigualdade social, medida pelo índice de Gini, sob a perspectiva de três variáveis: do volume de intermediação realizado (relevância), do acesso financeiro e da eficiência da intermediação (mínimo custo da intermediação com receitas sustentáveis).

Analisamos uma amostra ampla de 46 países emergentes e 66 países considerados pobres, os Low income countries (LICs). Os achados indicaram que para os países emergentes o mais impactante é a eficiência de intermediação, já para os LICs o mais importante é o acesso financeiro. Percebemos também que o efeito da intermediação financeira sobre a desigualdade tem um limite, ou seja, é não linear, mas para muitos países esse limite não foi atingido, entre eles o Brasil. Logo: mais finanças é melhor! 

O resultado deste trabalho com o Guilherme Cruz, que ainda não foi publicado (portanto, não posso divulgar os resultados na íntegra) sugere que ainda há muita oportunidade nos mercados financeiros emergentes, e em particular no Brasil. Oportunidades de ganhos, mas de grande benefício social, ou seja, um típico ganha-ganha. Imagine de onde sairá o recurso financeiro para a criação do “próximo” Google (NASDAQ:GOOGL)  (SA:GOGL35) ou de uma “nova” Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34)? Sairá do mercado financeiro! E com isso serão criados empregos, oportunidades e inovação tecnológica. Mas, como explorar todas as oportunidades existentes? Para começarmos precisamos entender a intermediação financeira, que vem despertando muita atenção dos novos entrantes no mercado, sejam eles bancos digitais ou Fintechs.

Os bancos e todos os intermediários financeiros possuem um papel de grande relevância na economia. Realizam a intermediação financeira entre os agentes superavitários e deficitários. Em um mundo sem problemas de informação não haveria a necessidade de intermediários financeiros, uma vez que tanto os agentes superavitários quanto os deficitários teriam todas as condições propícias, inclusive quanto à disponibilidade de informações, de negociar entre si sem a presença de um intermediário. Mas no contexto de um mundo sem perfeita informação, os bancos tem a tarefa de acolher depósitos e conceder recursos, criando as condições propícias para o “encontro” entre os poupadores e os investidores.

A origem da intermediação financeira pode estar associada diretamente aos problemas informacionais identificados pelos estudiosos das falhas de mercado. Sociedades primitivas que não utilizavam nenhuma forma de moeda possuíam o escambo como forma de relacionamento comercial. O grande problema da troca via escambo é encontrar dois agentes econômicos que aceitem trocar bens distintos pela quantidade justa e que agrade ambas as partes. Esse acordo, que pode ser considerado uma dupla coincidência, é de difícil realização sendo um entrave para a dinâmica econômica.

Com a introdução da moeda o problema do escambo é resolvido parcialmente, pois não é preciso mais que haja uma dupla coincidência para que a troca ocorra. Já os termos de troca são garantidos pelo sistema de preços. O sistema de preços é o grande sinalizador do sistema econômico. Quando o preço de um bem está alto, por exemplo, os produtores entendem há insuficiência deste bem e aumentam sua produção.

Além do sistema de preços, a criação da moeda propiciou o acumulo monetário, circunstância que deu origem ao crédito. Assim, da mesma maneira que a moeda facilita o encontro entre o comprador e o vendedor, na intermediação financeira o encontro entre depositante, agente superavitário em moeda e o devedor permite uma melhor alocação de recursos financeiros via crédito.

Se o crédito surgiu como uma solução de primeira ordem do problema informacional, a intermediação do risco foi uma solução de segunda ordem, sendo assim, quase um desdobramento da primeira, uma vez que não há crédito sem risco. Da mesma maneira que na intermediação entre depósito e crédito o sistema econômico melhora sua eficiência, a compra e venda de risco permite uma melhor alocação entre os agentes apaixonados pelo risco e os avessos a ele, garantindo uma maior ampliação da eficiência do sistema, mas também da complexidade da atividade bancária.

Portanto, mais mercado financeiro é bom para você e para o país. É certo que existem cuidados que precisam ser tomados para evitar crises financeiras e superendividamento, o que pretendo trazer em outros artigos. Mas, o fato é que há muito a ser feito nos mercados emergentes e, em particular no Brasil, em termos de desenvolvimento do mercado de financeiro.  Para finalizar e motivar as próximas leituras, deixo aqui o gráfico do Crédito/PIB do Brasil, UK e EUA, uma proxy do comportamento do mercado financeiro. Assim você notará o potencial de crescimento do mercado no Brasil.

*Claudio de Moraes é Professor e Pesquisador do COPPEAD/UFRJ, especialista em Banking, com artigos publicados em diversos periódicos internacionais. Atua no Banco Central do Brasil na área de estabilidade financeira, com experiência em regulação e supervisão bancária.  A opinião do autor e não representa necessariamente a do Banco Central do Brasil.

 

Últimos comentários

imagino a família no interior do sertão sem Internet nem acesso a educação investindo na bolsa, realmente vivi para ler isso.
pergunto, como é possível distribuir renda no mercado financeiro se a grana que investe em fintechs começa e termina na Faria Lima?
#B3MORREU
Isso é uma ignorância de político ganancioso como Lira que não está nem aí para o futuro do país. Não satisfeitos com seus bilhões, querem quebrar o país de tanta ganância. Não merece nem ser analisado.
Rsss. Não adianta tapar o sol com a peneira. Mercado financeiro é altamente sensível a juros maiores, não tanto as pessoas físicas, mas os bancos são. Tudo que estimula aumento de juros, faz a bolsa corrigir, é só olhar o histórico do Ibov. Gastos públicos, auxílios emergênciais, programas sociais, obras de infraestrutura, tudo que envolve aumento de dinheiro na economia, prejudica a bolsa porquê prejudica os bancos. Banco gosta de juros bem baixos, banco vive de emprestar dinheiro, pagam pouco aos correntistas, e emprestam dinheiro a preços absurdos pra quem precisa de crédito. Então juros maiores fazem a Bolsa não ser tão importante para os bancos, afinal de contas, com juros maiores, a bolsa se torna secundária.
Bom artigo. Só faltou explicar o gráfico. Agora, fiquei pensando: para haver intermediação de alocação de recursos, preciso haver uma sociedade liberal o suficiente para empreender. Esse é o perfil da sociedade brasileira? O Estado pode até ser mínimo, mas não pode se furtar do papel estratégico de indutor do desenvolvimento. Isso acontece no Brasil? Caso as respostas para minhas considerações sejam "não" (o que eu creio) há muita turbulência para que a máxima deste artigo seja uma tônica válida no Brasil.
Kkkkkkk “conta ota aí”
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