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Política monetária japonesa: o YCC voltará a funcionar?

Publicado 26.12.2023, 13:00
Yield Curve Control (YCC): O BoJ decidiu por unanimidade a condução das seguintes diretrizes para o funcionamento do YCC, de acordo com as práticas determinadas pelas autoridades monetárias japonesas.
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Taxas de Juros de Curto Prazo: O BoJ aplicará (como já fazia com os vértices curtos da curva de juros) uma taxa de juros de -0,1% aos saldos em contas correntes mantidas pelos bancos (e pelos shinkin) e demais instituições financeiras junto ao BoJ. Essa taxa é mais conhecida na ortodoxia de política monetária como a Taxa de Depósito Amigável (ou não compulsória), ou seja, uma política monetária não-discricionária e passiva, uma vez que funciona como um direcionamento do BoJ para as diferentes fases dos ciclos econômicos, ajudando a controlar os choques subjacentes, e não as flutuações em si. Dessa forma, quando as autoridades monetárias pretendem incentivar a demanda agregada, diminuem a Taxa de Depósito Amigável, tornando menos atraente para os bancos deixar capital depositado junto ao banco central. No caso do BoJ, a taxa negativa reflete o ímpeto e o direcionamento da autoridade monetária em incentivar a demanda agregada, pois, muitos argumentam que desde os anos noventa a economia japonesa encontra-se em um estado de latência, proporcionada pelo fenômeno da "armadilha de liquidez" (liquidity trap), tornando assim a política monetária menos efetiva.

Taxas de Juros de Longo Prazo: O BoJ comprará (tanto em leilões primários do Tesouro, quanto no mercado secundário) a quantidade necessária de JGBs, sem estabelecer um limite superior definido, para que o rendimentos do JGB de 10 anos permaneçam em torno de 0%, visando alcançar as condições acomodatícias para o incentivo da demanda agregada. Aqui, com a derrocada dos juros futuros americanos, fruto de uma transmissão muito aguardada das condições de aperto monetário do Federal Reserve anteriores, que só agora estão sendo sentidas pela economia americana, o BoJ estava com uma curva de rendimentos um tanto quanto bagunçada. Com o BoJ não conseguindo manter o vértice de 10 anos nos patamares acomodatícios desejados (em torno de 0%), o Banco abriu mão e estava permitindo uma flutuação do rendimento em torno de 0,5%, chegando nos leilões primários a 0,7%. Com isso, a curva de juros japonesa apresentava rendimentos muito altos para a maturidade de 10 anos, prejudicando o seu sistema de OMOs no contexto do YCC, limitando o alcance de sua política monetária. Com o arrefecimento dos juros americanos pelos fatores que já descrevi, o BoJ, na minha opinião, conduzirá com maior serenidade a curva de juros e o YCC, uma vez que os rendimentos do JGB de 10 anos arrefecerá com os agentes econômicos com menos poder de dissuasão nos leilões primários (pois os Bonds estavam pagando rendimentos muito altos, perante a isso, o BoJ teria que oferecer rendimentos maiores para vender esses títulos), e com menos JGBs "sobrando" no mercado secundário, com menos pessoas querendo mantê-los até o vencimento.

Manutenção do paradigma da curva de rendimentos: O Banco mantém a sua política de bandas para a manutenção dos rendimentos de longo prazo. O BoJ continuará a aplicar o limite superior da curva de rendimentos com 1%, dizendo aplicar compras ágeis em rendimentos específicos para conter um desequilíbrio na curva de juros. Visando manter o vértice curto em patamares acomodatícios, o BoJ continuará a perpetrar suas operações de suprimento de liquidez para as instituições financeiros, principalmente com a operação de suprimento considerada a mais segura (Funds-supply against Pooled Collateral), onde as instituições financeiras são supridas através de acordos de empréstimos colateralizados, esses colaterais (geralmente JGBs) podem ser oferecidos em conjunto por diversas instituições financeiras. Dependendo da maturidade do JGB envolvido na operação, além do vértice curto da curva de rendimentos (pois o banco está angariando liquidez imediata), com a contrapartida dos JGBs, o vencimento específico da curva de juros poderá decrescer, estabilizando a curva de juros em uma determinada maturação específica.

Diretrizes para a compra de ativos (ex. JGBs): O BoJ continuará comprando ETFs e J-Reits (12 trilhões de ienes e 180 bilhões de ienes, respectivamente), além de manter a compra de Títulos Comerciais em níveis pré-pandêmicos (três trilhões de ienes). Esse suprimento pode ser entendido como uma estratégia para estimular a liquidez e sustentar o funcionamento eficiente dos mercados financeiros, enquanto busca manter condições favoráveis de financiamento para as empresas. Além disso, ao comprar ETFs e J-Reits, a autoridade monetária busca angariar o Efeito Riqueza, influenciando positivamente a confiança e os gastos dos consumidores e investidores. Esse fenômeno ocorre quando o aumento do valor dos ativos financeiros se traduz em um aumento percebido na riqueza das famílias e empresas, incentivando um aumento nas despesas e investimentos. Com o preço dos ativos valorados por conta da compra subjacente do BoJ, os agentes econômicos (famílias, empresas, etc.) tendem a consumir mais, e, esse aumento da demanda agregada é o que o BoJ está buscando alcançar.

O Japão, ao adotar políticas monetárias e fiscais de maneira mista, está buscando consolidar o Ajuste Fino em sua economia. Através da combinação de medidas, incluindo a compra de ativos financeiros pelo Banco do Japão (BoJ) e a implementação de políticas fiscais, o país visa otimizar e equilibrar diversos aspectos da economia. Porém, muito é debatido desde os anos setenta de se o Ajuste Fino das condições acomodatícias representaria em uma melhoria marginal das condições econômicas. O "Dilema do Ajuste Fino" versa sobre esse problema, e que a teoria da Curva de Phillips, onde o desemprego e o nível de preços são inversamente proporcionais, não é uma verdade absoluta. Os próprios keynesianos já diziam que os salários, por conta das variáveis externas são "rígidos para baixo". Ora, um aumento no nível de preços causaria um reajuste salarial dos trabalhadores já empregados, ou seja, não haveria um aumento na produtividade ou da oferta agregada que justifique plenamente essa elevação de preços.

Com um nível de oferta agregada permanecendo estáveis, apenas o aumento da demanda agregada, sem nenhuma contrapartida, apenas serviria para aumentar o nível de preços. Portanto, não faz sentido, com base em uma política de expansão da demanda agregada, o combate ao desemprego, a menos que haja espaço na capacidade produtiva da economia para acomodar esse aumento na demanda sem gerar pressões inflacionárias. Agora, como os japoneses pretendem buscar o tão falado "ciclo virtuoso" do aumento entre os salários e preços, na verdade, é uma tentativa de estímulo da demanda agregada sem impactar o poder de compra dos agentes econômicos.
Este debate, lamentavelmente, negligencia por completo os princípios fundamentais da chamada "economia do lado da oferta", subestimando a importância de analisar a oferta real de bens e serviços em uma economia. A mera discussão sobre os movimentos marginais de preços revela-se incompleta quando desprovida de uma análise concomitante do lado da oferta, no contexto do panorama econômico. O incremento marginal nos preços e salários, longe de constituir um panorama isolado, acarreta riscos substanciais para a competitividade das empresas japonesas, a menos que seja acompanhado por avanços concretos na eficiência e produtividade do setor produtivo.

O tão almejado "ciclo virtuoso" não se resume meramente a elevar os salários; antes, sua concretização demanda uma fundação sólida ancorada em incrementos reais de produtividade. O desafio que se impõe reside, portanto, na implementação de reformas estruturais destinadas a fomentar a inovação, a aprimorar a qualificação da mão de obra e a otimizar os processos produtivos. Medidas voltadas para intensificar a eficiência empresarial, reduzir obstáculos burocráticos e impulsionar a competitividade revelam-se cruciais para assegurar que o aumento salarial seja sustentável, evitando pressões inflacionárias descontroladas.

Diante de problemas estruturais na oferta agregada, a enfrentar choques externos em um contexto de moeda desvalorizada, ou mesmo para manter atividades econômicas frente à concorrência global, a sustentabilidade do crescimento torna-se ainda mais esquiva. Embora a desvalorização cambial possa, em determinados casos, conferir vantagens temporárias às exportações, ela não substitui as reformas imperativas para fortalecer a base produtiva interna, constituindo, no máximo, uma solução paliativa e efêmera.
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