Diário de bordo
Deixo meu agradecimento ao estepe de luxo Felipe Miranda, que segurou o M5M enquanto estive fora. Enfim Roberto Altenhofen de volta à escrita, falando diretamente do mundo da lua, onde tuuuuuudo pode acontecer...
Tudo mesmo.
Em mais uma entrevista curiosa - para dizer o mínimo - o Ministro Mantega afirmou que as eleições respondem a apenas “uma pequena parte da flutuação” atual dos mercados. Para ele, a tragédia da Bolsa e do dólar também são resultado da crise internacional.
A nova vítima da crise externa
Estamos novamente diante um enigma, um desafio à lógica...
Se as eleições são apenas uma pequena parte do fator para o derretimento dos mercados, por que raios ações de empresas estatais encabeçam as perdas, e as Bolsas internacionais, entre máximas históricas, fecharam próximas da estabilidade enquanto o Ibovespa sofreu tombo de 4,5% ontem e toma outro tombo hoje?
Ainda estou procurando como alguém que está beeem abaixo da média pode ser puxado para baixo pela… média.
Gringos em debandada
Há sim uma associação possível entre a queda da Bolsa e o movimento estrangeiro, mas trata-se de um argumento de fluxo: o volume de nosso mercado é muito apegado ao investidor estrangeiro e o volume gigantesco de vendas nos mercados é sim um sinal da debandada dos gringos...
- Mas uma coisa é volume das vendas, outra (beeeem diferente) é o estopim para as vendas. Fosse o volume = fator para queda, qual o motivo desses gringos estarem investindo no Brasil?
O pior da história
Principal manchete do noticiário econômico desta terça-feira, o resultado das contas públicos conseguiu um feito inédito: o quarto déficit primário consecutivo.
O Governo Central registrou déficit primário de R$ 10,4 bilhões no mês de agosto, simplesmente o pior resultado da história para o mês. Com isso, a dívida líquida do setor público subiu para R$ 1,8 trilhão.
Alguém ainda questiona a deterioração das contas públicas e a necessidade de ajuste fiscal?
No acumulado do ano, o superávit primário é de R$ 10,2 bilhões (0,3% do PIB). O governo se comprometeu em entregar um superávit primário de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do PIB.
Restam três meses para tentar um milagre, ou esqueçamos a meta de superávit primário.
Para quem já esqueceu a meta de inflação isso pode ser fichinha... Mas será que é para as agências de rating?
A tábua da salvação (que não salva)
O resultado lastimável das contas públicas só não foi ainda pior por conta porque entraram R$ 5,4 bilhões em dividendos para o governo.
É o velho expediente de pressionar instituições públicas que já não andam lá com a estrutura de capital confortável para gerar superávit primário com não-recorrentes e itens extraordinários. De efetiva redução dos gastos públicos ninguém quer saber...
O dividendo de verdade
No noticiário corporativo, destaque para a surrada Vale (VALE5).
A empresa submeteu ao seu Conselho proposta para pagamento da segunda parcela dos dividendos de 2014, no total de US$ 2,1 bilhões.
Com escalada do dólar e queda no preço das ações (-26% no ano), somente essa segunda distribuição representaria um retorno para o acionista da ordem de 4,3% em dividendos...
E levaria o total de dividendos do ano para um retorno superior a 7% de yield, reforçando o perfil de forte geração de caixa da mineradora. Isso mesmo, enquanto o mundo estaria - supostamente - acabando para o minério de ferro.
A alta das ações da Vale hoje é uma espécie de tábua da “salvação” que não salva a Bolsa de mais uma queda expressiva. Mas ameniza.
O que muda com 4G?
No noticiário corporativo, as manchetes começam a pular de lá para cá com resultados parciais do leilão de 4G, que ocorre hoje.
Capisce?
Sim, é mais um dos expedientes para gerar resultado primário que não vão salvam a meta do governo, e se encaixa na definição de não-recorrente.
Já para as empresas (e suas ações), a vitória no leilão pode ser um tiro no pé... Os caras precisam do acesso à linha, mas isso custo muito, é dispêndio de capital para companhias que já estão com a estrutura de capital pra lá de apertada.
A Oi, por exemplo, com uma dívida líquida de R$ 46 bilhões (!!), já disse que não vai partipar.
Mas não que isso signifique alguma coisa...
De alguma forma a Oi deve se juntar à TIM. Então, participar via Tim pode dar na mesma...
A conclusão é um tanto óbvia: mais pressão sobre o caixa e, indepentemente da configuração do acordo entre as partes, para variar o acionista não verá a cor do tag along*.
* cláusula de proteção aos acionistas que em tese garante aos minoritários o direito de deixarem a companhia por condições semelhantes aos majoritários no caso de troca de controle da mesma
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.