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Previdência Privada: 10 perguntas essenciais

Publicado 10.10.2024, 13:00
BBAS3
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A previdência privada é uma modalidade de investimento para quem deseja acumular recursos para serem utilizados no futuro, geralmente na aposentadoria. Ela não está vinculada ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), funcionando como uma alternativa ou complemento ao benefício da previdência social.

Nesse tipo de investimento, você faz aportes regulares ou esporádicos, que são aplicados em fundos de investimento, e o saldo acumulado pode ser resgatado de várias formas no futuro. Além disso, a previdência privada pode ser usada como estratégia de sucessão patrimonial, já que os valores acumulados podem ser transferidos diretamente aos herdeiros, sem passar por inventário. Hoje, quero conversar com vocês de forma bem simples e didática sobre esta e outras questões que são comuns quando o assunto é previdência privada. 

  1. Qual a diferença entre previdência aberta e fechada?

A previdência aberta é oferecida por bancos e seguradoras para qualquer pessoa, enquanto a previdência fechada é voltada para grupos restritos, como funcionários de uma empresa ou associados de uma entidade. A previdência fechada, ou fundos de pensão, tem regras próprias de adesão e resgate, e costuma ser oferecida como benefício corporativo.

  1. Quais são as modalidades de previdência privada?

As duas principais modalidades de previdência privada são o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). A principal diferença entre elas está na forma de tributação e no benefício fiscal que oferecem.

PGBL: Esse plano é indicado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda, pois oferece um benefício fiscal importante. As contribuições ao PGBL podem ser deduzidas até o limite de 12% da renda bruta anual. Isso significa que, ao declarar seu imposto, você pode reduzir o valor sobre o qual o imposto será calculado. Contudo, quando você resgatar os recursos no futuro, o imposto será cobrado sobre o valor total do plano, ou seja, a soma das contribuições feitas mais os rendimentos acumulados. Isso torna o PGBL mais vantajoso para quem tem um perfil de contribuinte com renda maior e deseja aproveitar a dedução fiscal ao longo dos anos.

VGBL: Já o VGBL é indicado para quem faz a declaração simplificada do Imposto de Renda ou para quem não tem muitas deduções a fazer. No VGBL, você não tem o benefício de dedução fiscal no momento das contribuições, mas, no resgate, o Imposto de Renda incide somente sobre os rendimentos do plano, e não sobre o valor total acumulado (contribuições + rendimentos). Isso significa que o imposto incide apenas sobre os rendimentos gerados pelo plano, preservando o valor das suas contribuições originais, o que pode ser vantajoso para o planejamento sucessório e resgates futuros. Essa característica faz do VGBL uma boa escolha para quem quer simplicidade na declaração de IR ou quem pensa em deixar o recurso para herdeiros, devido à menor tributação sobre o saldo final.

  1. Como funciona a tributação progressiva e regressiva?

A tributação dos planos de previdência privada pode seguir dois regimes diferentes: progressivo e regressivo. A escolha entre esses dois regimes deve ser feita no momento da contratação do plano e tem impacto direto no valor dos impostos que você pagará quando for resgatar os recursos.

Tributação Progressiva: Neste regime, o imposto de renda segue as alíquotas da tabela progressiva do IR, que variam de 0% a 27,5%, dependendo do valor do resgate. Quanto maior o valor sacado, maior a alíquota do imposto. Essa tabela é a mesma aplicada ao salário e a outras fontes de renda. O regime progressivo pode ser interessante se você planeja fazer resgates menores, pois pode se beneficiar de alíquotas mais baixas ou até isenção de IR em pequenos valores.

Até R$ 2.112,00: Isento

De R$ 2.112,01 a R$ 2.826,65: 7,5%

De R$ 2.826,66 a R$ 3.751,05: 15%

De R$ 3.751,06 a R$ 4.664,68: 22,5%

Acima de R$ 4.664,68: 27,5%

Exemplo prático: Se você fizer um resgate de R$ 2.500,00, pagará 7,5% de imposto sobre a diferença entre o valor resgatado e o limite de isenção (R$ 2.112,00). A diferença seria de R$ 388,00, e você pagaria 7,5% sobre esse valor, resultando em R$ 29,10 de imposto de renda.

Tributação Regressiva: Esse regime favorece quem pretende manter o dinheiro investido por muito tempo. A alíquota do imposto de renda diminui com o passar dos anos. Quanto mais tempo você mantiver o dinheiro investido, menor será o imposto a ser pago no momento do resgate. As alíquotas começam em 35% e podem chegar a 10% após 10 anos de investimento.

    - Até 2 anos de investimento: 35%

    - De 2 a 4 anos: 30%

    - De 4 a 6 anos: 25%

    - De 6 a 8 anos: 20%

    - De 8 a 10 anos: 15%

    - Acima de 10 anos: 10%

Exemplo prático: Se você manter o plano por mais de 10 anos, pagará apenas 10% de imposto de renda sobre o valor resgatado. Isso torna o regime regressivo muito vantajoso para quem planeja resgatar o dinheiro apenas a longo prazo, como na aposentadoria.

  1. Como funciona a dedução do Imposto de Renda no PGBL?

A grande vantagem do PGBL é a possibilidade de deduzir até 12% da sua renda bruta tributável nas contribuições feitas ao plano. Isso significa que, ao preencher a declaração completa do Imposto de Renda, você pode diminuir o valor sobre o qual o imposto é calculado, reduzindo a base de cálculo. Na prática, essa dedução pode resultar em uma restituição maior ou em menos imposto a pagar.

Exemplo: Imagine que sua renda anual seja de R$ 100.000,00. Se você contribuir com R$ 12.000,00 para o PGBL, esse valor será deduzido da sua base tributável, o que significa que o imposto será calculado sobre R$ 88.000,00, e não sobre os R$ 100.000,00 originais. Isso gera uma economia no valor do imposto a pagar ou aumentar a restituição que você pode receber no ano seguinte.

  1. Posso fazer portabilidade entre planos de previdência privada?

Sim, uma das grandes vantagens da previdência privada é a portabilidade, que permite ao investidor migrar de um plano para outro ou até trocar a instituição financeira que administra seu plano, sem precisar fazer o resgate do valor investido. Isso é muito útil, pois evita que você pague imposto na troca de planos e permite ajustar sua estratégia de investimento conforme suas necessidades mudam. Todos os dias, no meu escritório de investimentos, recebemos a portabilidade de previdência de pessoas que estavam em fundos de previdência ruins do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), CEF, etc. Hoje, trabalhamos com uma ampla variedade de opções de fundos de previdência, o que nos permite selecionar as melhores e mais seguras opções de acordo com o perfil e objetivos de cada investidor.

  1. A previdência privada ajuda na sucessão patrimonial?

Sim, a previdência privada é uma excelente ferramenta para planejamento sucessório. Isso acontece porque, ao contrário de outros tipos de investimentos, o saldo acumulado nos planos de previdência privada não entra em inventário. Ou seja, em caso de falecimento, os valores podem ser transferidos diretamente para os beneficiários designados, sem a burocracia do processo de inventário e sem a cobrança do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), em muitos Estados. Além disso, o titular do plano pode indicar os beneficiários que receberão os valores, determinando até mesmo a proporção que cada um deles receberá.

Essa agilidade é especialmente importante para evitar que os herdeiros tenham de esperar meses ou até anos para receber os recursos, como pode acontecer em outros tipos de investimentos que estão sujeitos ao inventário. Além disso, essa característica faz com que a previdência privada seja uma forma eficiente de proteger o patrimônio e garantir que os herdeiros tenham acesso rápido ao dinheiro, sem complicações legais.

Por fim, importante dizer que pode optar por resgatar o valor acumulado de uma única vez ou transformá-lo em uma renda mensal, de acordo com as suas necessidades. Essa flexibilidade é uma das maiores vantagens da previdência privada, permitindo que você adapte o uso do capital ao seu planejamento financeiro.

  1. Qual é a previdência privada ideal para meus filhos?

Pensando em garantir um futuro financeiro estável para os seus filhos, a previdência privada pode ser uma excelente opção de investimento a longo prazo. Nesse cenário, a escolha do VGBL com tributação regressiva é a mais indicada. Isso porque o VGBL é vantajoso para quem tem uma visão de longo prazo e pretende acumular recursos ao longo de muitos anos, pagando menos imposto na hora do resgate. 

Na tributação regressiva, como vimos, quanto mais tempo o dinheiro ficar investido, menor será a alíquota de imposto de renda no resgate. Após 10 anos, a alíquota chega a 10%, que é a menor possível. Isso faz do VGBL uma excelente opção para investimentos pensando no futuro dos filhos, seja para a aposentadoria deles ou para objetivos como pagar a faculdade ou ajudar na compra de um imóvel.

Além disso, como o VGBL não oferece deduções fiscais na declaração de Imposto de Renda, ele é mais indicado para quem faz a declaração simplificada, o que geralmente é o caso de quem está no início da vida profissional ou ainda não tem muitas despesas dedutíveis. Dessa forma, ao acumular recursos por várias décadas, o plano permite que seus filhos resgatem o dinheiro com a menor alíquota de imposto possível.

  1. E se a pessoa já for mais velha, com 60, 70 ou 80 anos?

Para pessoas mais velhas que buscam alternativas de sucessão patrimonial ou um complemento de renda para aposentadoria, o VGBL também é uma boa escolha, principalmente por causa da forma como a tributação é aplicada (conforme explicado neste artigo). Como no VGBL o imposto incide apenas sobre os rendimentos, e não sobre o valor total acumulado, ele pode ser mais vantajoso, especialmente para quem já acumulou um patrimônio significativo e está buscando formas de resgatá-lo com uma carga tributária menor.

Se a pessoa já está com uma idade mais avançada e pensa em utilizar a previdência privada como ferramenta de planejamento sucessório, o VGBL também oferece vantagens. Além de permitir a transferência do saldo aos herdeiros sem necessidade de inventário, o imposto de renda será menor na fase de sucessão, uma vez que os rendimentos costumam representar apenas uma parte do saldo total.

  1. Quais são as taxas cobradas na previdência privada?

Existem duas principais taxas associadas aos planos de previdência privada. A taxa de administração e a taxa de carregamento.

A taxa de administração remunera a instituição que administra o fundo de previdência. Quanto maior a taxa de administração, menor será o rendimento líquido do seu investimento. Por isso, é importantíssimo comparar os planos disponíveis, avaliar se a taxa é compatível com o portfólio do fundo e escolher aquele com a melhor relação custo-benefício, para maximizar o retorno final de forma inteligente.

A taxa de carregamento, por sua vez, é uma taxa que pode ser cobrada tanto na entrada (sobre cada aporte realizado) quanto na saída (sobre o valor resgatado). Os bons fundos de previdência já não cobram mais essa taxa, mas é importante verificar se o plano escolhido a inclui, pois a taxa de carregamento pode diminuir consideravelmente o saldo acumulado ao longo dos anos.

  1.  Quando devo começar a investir em previdência privada?

Quanto antes, melhor. O grande benefício da previdência privada é o efeito dos juros compostos, que permite que os seus investimentos rendam mais à medida que o tempo passa. Portanto, começar a investir ainda jovem pode garantir uma aposentadoria muito mais confortável no futuro. Além disso, iniciar cedo permite que você aproveite os benefícios da tributação regressiva, em que as alíquotas de imposto de renda diminuem quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado.

Se você começar a investir em um plano de previdência aos 25 ou 30 anos, por exemplo, poderá acumular recursos por 30 ou 40 anos e, no momento do resgate, pagar a alíquota mínima de 10% de imposto de renda, o que é extremamente vantajoso.

Além disso, quanto mais cedo você começar, menores serão os aportes necessários para atingir um objetivo financeiro maior, devido ao longo prazo disponível para o crescimento dos investimentos.

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