O Brasil, pela nova metodologia adotada pelo Banco Central do Brasil, registrou um déficit em conta corrente de US$ 103,9 Bi em 2014 e os últimos 12 meses apontam US$ 101,6 Bi, com a autoridade monetária projetando fechar o ano em US$ 84,0 Bi, equivalente a 4,42% do PIB.
Não se justifica então que a sua moeda se aprecie frente à moeda americana, ficando abaixo do ponto de equilíbrio que teoricamente se situa no entorno de R$ 3,10, já considerada as posições recentes das agências de risco que mitigaram parte do negativismo predominante, recuando a R$ 2,97.
O país precisa atrair divisas para reduzir o expressivo déficit em transações correntes de quase um terço do montante de reservas cambiais que detém, que já estão respaldando a credibilidade para a colocação de “hedge” pela autoridade monetária de algo em torno de US$ 110,0 Bi e mais o montante das posições vendidas dos bancos, na prática um redutor das reservas e que está em torno de US$ 19,0 Bi.
Após uma década de manipulações da taxa cambial pela autoridade monetária colocando-a como antídoto coadjuvante ao juro no combate da inflação causada pelos excessivos gastos do governo, destruindo o potencial do parque industrial do país de forma quase imperceptível, visto que o país usufruía das benesses do “boom das commodities” e acentuando os volumes de importações de bens concorrentes no mercado interno como consequência, pela vez primeira um Ministro da Fazenda aponta com clareza para o fato e afirma não desejar artificialização do preço do dólar e o torna meio preponderante para a recuperação da atividade econômica como alternativa mais objetiva e rápida.
A apreciação desequilibrada do preço do dólar no nosso mercado de câmbio de forma inoportuna, ao mesmo tempo em que desenrola embate entre os Estados Unidos e a zona do euro com suas moedas focando atividades competitivas no comércio exterior, o que leva a criar ruídos maiores do que os fatos em si para motivar oscilações paritárias e postergar, no caso americano, decisões em relação ao juro, acaba por fragilizar o empenho do governo brasileiro em tratar o preço da moeda americana dentro de sua realidade no nosso mercado e demonstra que está havendo um comportamento errático.
Não podemos relegar a formação do preço da moeda americana no nosso mercado aos fatores externos, pelo contrário, deve predominar fortemente o foco no contexto interno, que são mais intensos do que os externos.
Urge então que o Banco Central do Brasil altere num movimento rápido de contraposição e reaja alterando sua dinâmica na oferta de rolagem de swaps cambiais, reduzindo-a.
É o que se espera do BC se continuar ocorrendo o movimento de apreciação do real.
Movimentos voláteis também são desencorajadores aos investimentos e a colocação do preço da moeda americana em desalinho com a realidade do país pode levá-lo a perder atratividade até do capital especulativo pelo fator risco de variação cambial se acentuar, já que são oriundos de operações de “carry trade” que tem baixa margem para perda e o “hedge” pode encarecê-lo a ponto de inviabilizá-los.
Ainda não é o momento da taxa cambial retroagir o seu preço, isto poderá vir a acontecer quando e se o país começar a colher os resultados da nova gestão econômica.
Ainda estão presentes na economia brasileira muitos pontos de incertezas e uma boa visão de que as contas externas precisam de muita atenção dos gestores brasileiros.
O fator Petrobrás que suscitou muitas expectativas, depois de divulgados os resultados do balanço deixaram evidente que não há razões para empolgação e que será necessária uma ampla reformulação na empresa, não se prestando este contexto para justificar a mutação que se presencia no câmbio.
O BC precisa estar atento e focado para reação rápida a movimentos que contrariem os objetivos dos gestores da economia, entre os quais se inclui, pois as margens de erro no realinhamento de fatores importantes para reorganização da economia do país são bastante baixas.
No nosso ponto de vista, não será surpresa se o BC alterar a sua oferta para rolagem de swaps cambiais, que o contexto atual sugere estar sendo excessiva a ponto de dar-se pouca relevância ao “status” efetivo do país e preponderar os movimentos externos.