Em outubro o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) atualizou as projeções para produção e comércio global de carnes. Traremos aqui alguns pontos desse relatório.
Começando pela carne bovina, o órgão projeta uma redução de 0,8% na produção brasileira de carne bovina em 2025. Isso vai ao encontro de um cenário de retenção de fêmeas, frente a preços mais atrativos para o bezerro. Em nível global, a produção também deve diminuir 0,8%, de 61,4 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec.) em 2024 para 60,9 milhões de tec.
Para as nossas exportações, o órgão projeta um aumento de 0,7%, na comparação com 2024. Em 2024 as exportações de carne bovina in natura estão fortes, com alta acumulada de 29,7% até setembro, frente ao mesmo intervalo de 2023, que foi o recorde até então. Com isso, a projeção é de mais um recorde em 2025, com participação das exportações em 30,6% no total produzido.
Para as importações, as projeções são de que a China compre 1,3% mais carne bovina em 2025, considerando todas as origens, frente a 2024, com aumento de 0,3% no consumo doméstico no país.
Para a carne de frango o cenário esperado é de aumento de 1,8% na produção global, passando de 103,0 milhões de toneladas para 104,9 milhões no próximo ano. A produção brasileira deve passar de 15,0 milhões de toneladas para 15,1 milhões, aumento de 0,7%.
O Brasil deve exportar 5,0 milhões de toneladas de carne de frango, o que corresponde a 33,1% da produção estimada para o ano.
Os três maiores importadores de carne de frango (de todas as origens) devem aumentar as compras. As aquisições de Japão, México e Reino Unido devem crescer 0,9%, 2,1% e 1,6%, respectivamente.
Para a carne suína, a projeção é de redução de 0,8% na produção mundial, de 116,0 milhões de tec. este ano para 115,1 milhões em 2025. A produção chinesa deve passar de 56,8 milhões para 55,5 milhões de tec., uma diminuição de 2,2%, após um recuo de 2,1% em 2024.
A produção brasileira deve seguir em crescimento, atingindo 4,6 milhões de tec., 1,2% maior que em 2025, após evolução de 1,0% neste ano.
Em relação às exportações, o USDA espera que o Brasil venda 1,5 milhão de tec., cenário de estabilidade frente ao observado em 2024. As exportações devem representar 32,6% da produção brasileira de carne suína.
A figura 1 apresenta um resumo das projeções para o Brasil.
Figura 1. Projeções do USDA para produção, exportações e consumo de carnes no Brasil em 2025, frente a 2024.
Fonte: USDA / Elaboração: HN AGRO
A figura resume o cenário de boas expectativas para a produção brasileira de carnes em 2025. Há projeção de recuos apenas para a produção e consumo de carne bovina, pela provável redução dos abates de fêmeas, com preços melhores do bezerro.
Aqui estamos falando de variáveis interdependentes, mas tomando a carne bovina como ponto de partida (pelo ciclo mais longo), preços em alta geram mais “espaço” para que a carne suína e de frango mantenham competitividade em patamares de venda um pouco maiores, o que ameniza o impacto de um cenário de custos de produção (leia-se milho) provavelmente em alta, com estoques de passagem enxutos e demanda crescente.