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Recessão nos Estados Unidos, Será?

Publicado 23.06.2022, 11:01
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Deu no Google) Trends: o brasileiro está procurando entender se a maior economia do mundo enfrentará uma recessão.

Tecnicamente, falamos em recessão econômica quando vemos uma queda no PIB do país por, pelo menos, dois trimestres consecutivos. Ou seja, o fluxo de tudo o que o país produz de bens e serviços encolhe seguidamente em dois períodos de três meses. No bom português: uma crise econômica.

E isso está acontecendo nos Estados Unidos? Atualmente, não. Pelo contrário. A economia, na terra do Mickey e dos Founding Fathers, está indo muito bem, obrigada – ao menos, por ora.

Após vultuosos estímulos fiscais (como auxílio desemprego estendido e cheques a famílias), a população americana segue com elevado nível de poupança, consumindo bens e serviços de maneira acelerada, acima da média histórica.

Enquanto isso, a produção industrial segue em território positivo, mesmo diante de desafios e eventuais “solavancos” causados pelo desequilíbrio nas cadeias de produção globais, na esteira da guerra entre Ucrânia e Rússia e da política de covid zero, na China.

O desemprego? Recuperou-se além do patamar pré-pandemia, atingindo nível abaixo do considerado neutro (taxa de desemprego que não pressiona a inflação, por meio de salários).

Afinal, por que o tema recessão econômica nos EUA está por toda parte, derrubando bolsas no mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil?

É verdade que o PIB do país caiu no primeiro trimestre do ano. Mas, a queda foi impulsionada muito mais por questões técnicas, até fruto do próprio crescimento, como a alta das importações frente às exportações (que entram como subtração no cálculo do PIB), do que por sinais de enfraquecimento econômico em si. Ou seja, sem sinalizações de crise por ali.

A Inflação e os juros altos: os fantasmas da recessão

O sinal vem mesmo de um velho conhecido dos brasileiros: a inflação. Com ela em quase 9% ao ano, no acumulado em doze meses até maio, os americanos se deparam pela primeira vez em 40 anos com o que conhecemos muito bem por aqui: a perda do poder de compra.

Aquela sensação de que o que se comprava ano passado não se compra mais esse ano, e que talvez o dinheiro não seja o suficiente para o planejado no longo prazo - mesmo com tanta poupança.

Logo, essa sensação passa a afetar o consumo e os investimentos, em um ciclo nada atrativo para a economia.

E é aí que entra seu arqui-inimigo - e principal motivo por trás da recessão e da aversão ao risco - que tomou conta dos mercados no último mês: os juros altos. Afinal, qual a principal ferramenta dos Bancos Centrais para controlar a alta de preços? Subir os juros.

Seguindo essa cartilha, o Federal Reserve (Fed, Banco Central americano) elevou os juros básicos nos Estados Unidos em 75 pontos-base pela primeira vez desde 1994, que atingiram a faixa entre 1,5% e 1,75% ao ano. O recado dado, ao menos por ora, foi: os juros seguirão subindo, até que a inflação dê sinais de arrefecimento.

CONFIRA: Projeção da taxa de juros do Federal Reserve nas próximas reuniões

Assim, o crédito fica gradativamente mais caro, e o investimento mais rentável. A população passa a consumir menos, produzir menos e poupar mais. O mercado de trabalho desaquece, os salários ficam menos pressionados. A economia desacelera, a demanda por bens e serviços cai, e os preços perdem fôlego.

Mas qual o tamanho da desaceleração necessária? Qual o freio de juros perfeito para equilibrar a economia? Se o freio for pouco, a inflação não cede. Já se a dose (de juros) for muito alta ou muito rápida, a economia perde força abruptamente, as famílias se afogam em dívidas, os mercados desandam. E chegamos a ela: a recessão.

Por isso, essa é a pergunta de um milhão de dólares da vez. Dólares esses que, aliás, ficam mais caros no meio de tudo isso, porque os juros subindo nos Estados Unidos atraem mais dinheiro para lá, desvalorizando moedas de países considerados mais arriscados – como nós, aqui no Brasil.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos!

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