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Relatórios 13F revelam movimentação de Warren Buffett e Michael Burry no 2T

Publicado 15.08.2023, 11:31
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  • Foram publicados os famosos relatórios 13F, registros regulatórios que dão uma boa ideia das movimentações feitas pelos principais gestores no último trimestre nos EUA.
  • Os documentos mostram que o conglomerado de Warren Buffett entrou no setor imobiliário.
  • Pessimismo de Michael Burry, guru do filme “A Grande Aposta”, contrasta com otimismo dos fundos de hedge com o setor de tecnologia.
  • Acabam de ser publicados os relatórios 13F para o segundo trimestre, mostrando as operações de compra e venda de ações feitas pelos maiores fundos e empresas de investimento no mercado americano de maio a junho. Nesse período, o S&P 500 teve uma alta de cerca de 9%.

    Para quem ainda não conhece esse documento regulatório, são registros que os gestores institucionais precisam enviar à SEC, Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a cada trimestre, caso tenham mais de US$ 100 milhões sob gestão.

    Os relatórios indicam as posições que os gestores tinham em títulos negociados em mercados públicos, como ações e ETFs, no final do trimestre anterior à data do envio.

    Para investidores individuais, os relatórios 13F fornecem uma visão valiosa da estratégia desses institucionais e de como eles analisaram o mercado durante o período reportado.

    No primeiro trimestre, os investidores aproveitaram a crise bancária e a desaceleração econômica prolongada na China para comprar ações nesses segmentos.

    No segundo trimestre, porém, o bull market disparou, e os investidores tiveram o desafio de reajustar suas carteiras. Vamos ver alguns dos eventos mais importantes do trimestre.

    Seção de Ideias do InvestingPro

    Fonte: InvestingPro

    A propósito, o InvestingPro permite que você acesse os relatórios 13F de todos os principais investidores dos EUA com um simples clique. Ao selecionar “ideias” e depois escolher o nome do gestor sobre o qual deseja saber mais, você terá acesso aos arquivos na SEC, junto com outros dados relevantes de suas posições, como Tabelas de Classificação, Concentração Setorial e Resumo de Posições.

    Burry vende ações da China e mostra pessimismo com S&P 500

    O fundo de hedge Scion Capital, de Michael Burry, assumiu uma postura negativa tanto para o mercado em geral quanto para o setor de tecnologia. A empresa comprou 20.000 opções de venda no fundo SPDR S&P 500 (NYSE:SPY), por um custo aproximado de US$ 2,25 por contrato, junto com um número igual de opções de venda contra o Nasdaq pelo Invesco QQQ Trust (NASDAQ:QQQ), por um custo aproximado de US$ 2,70 por contrato.

    Relatório 13F de Burry

    Fonte: SEC

    A aposta na queda do QQQ destaca a previsão de Burry de que o entusiasmo impulsionado pela inteligência artificial (IA) possa baixar, podendo provocar uma perda de fôlego em parte dos ganhos observados no SPY durante o mesmo período.

    Essas ações refletem a filosofia contra a tendência de Burry em um momento em que todos os outros investidores estavam investindo em tecnologia, como se não houvesse amanhã. Além disso, considerando as compras do guru de “A Grande Aposta” no primeiro trimestre, os investidores também podem interpretar essas movimentações como estratégias de proteção, ou hedging.

    No espectro das ações, Burry também se desfez de várias posições importantes. Notavelmente, vendeu todas as suas 250.000 ações da JD (NASDAQ:JD).com, papel que já chegou a representar 10,26% do seu portfólio.

    Da mesma forma, Burry se desfez da sua participação de 100.000 ações no Alibaba (NYSE:BABA), que antes constituía 9,56% da sua carteira, por um preço médio de negociação trimestral de US$ 87,76.

    Resumo de posições da Scion

    Fonte: Scion Asset Management

    Completando essas manobras estratégicas, Burry vendeu seu investimento de 100.000 ações na Zoom Video Communications (NASDAQ:ZM). Essa ação, que já teve um peso de 6,91% no seu portfólio, teve um preço médio de negociação trimestral de US$ 66,97.

    Fundos de hedge apostam em tecnologia e IA; Energia fica de lado

    Enquanto Burry se desfez de grandes nomes da tecnologia no trimestre, grandes fundos de hedge fizeram o contrário, investindo nas gigantes do setor e na crescente tendência da inteligência artificial (IA).

    Segundo a Bloomberg, os investidores institucionais ampliaram suas posições na Meta Platforms (NASDAQ:META) em 5,7 milhões de ações no período, somando um valor de mercado impressionante de US$ 6,7 bilhões - a ação mais procurada pelos fundos de hedge no trimestre.

    Além disso, contrariando as ações do guru de “A Grande Aposta”, os investidores institucionais reforçaram suas posições na Microsoft (NASDAQ:MSFT) e na Apple (NASDAQ:AAPL), impulsionando a valorização que dominou o mercado no trimestre reportado.

    Em termos setoriais, a tecnologia teve o maior peso nas carteiras dos investidores institucionais, com expressivos 28%, seguida de perto pelo setor de saúde, com 16%.

    É importante ressaltar que os investimentos no setor de energia tiveram a maior queda entre todas as indústrias, indicando que os gestores de fundos de hedge não anteciparam a alta nos preços do petróleo que ocorreu em seguida.

    Buffett mira setor imobiliário e se desfaz de Activision Blizzard

    O famoso investidor Warren Buffett aproveitou o bull market do segundo trimestre para mudar sua estratégia de mercado. Primeiramente, seu conglomerado financeiro Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa) adquiriu várias ações no setor de construção de imóveis residenciais, que teve um aumento de 18% no período através do SPDR® S&P Homebuilders ETF (NYSE:XHB).

    Apesar do trimestre positivo para o setor, a jogada estratégica de Buffett vai contra o cenário mais amplo de taxas de juros elevadas, que prejudicam a atividade do mercado imobiliário. Nesse sentido, as posições estratégicas da empresa baseada em Omaha, Nebraska, podem sinalizar um movimento cauteloso em relação à possibilidade de uma mudança futura por parte do Federal Reserve.

    A maior compra da Berkshire Hathaway foi de ações da DR Horton (NYSE:DHI), somando 5.969.714 papéis. Complementando o movimento estratégico no setor, a Berkshire adquiriu 152.572 ações da Lennar (NYSE:LEN) e 11.112 ações da NVR (NYSE:NVR).

    A empresa liderada por Buffett também aumentou sua participação na Capital One Financial (NYSE:COF) e na Occidental Petroleum (NYSE:OXY), uma medida cautelosa que parece ter rendido bons resultados quase imediatamente com a alta nos preços do petróleo no terceiro trimestre.

    O movimento calculado aumentou o posicionamento da companhia na COF de 9.922.000 para 12.471.030 ações, enquanto a posição da OXY teve uma expansão de 211.707.119 para 224.129.192 ações.

    Do outro lado da equação, Buffett parece ter usado o bull market para se desfazer de muitas posições.

    Maiores vendas de Warren Buffett

    Fonte: InvestingPro

    A empresa vendeu ações da Activision Blizzard (NASDAQ:ATVI), Celanese (NYSE:CE), Chevron (NYSE:CVX), General Motors (NYSE:GM) e Globe Life (NYSE:GL).

    Além disso, o conglomerado saiu completamente das empresas Marsh & McLennan Companies (NYSE:MMC), McKesson Corp. (NYSE:MCK) e Vitesse Energy (NYSE:VTS), recalibrando fortemente suas posições no portfólio.

    Os movimentos estratégicos da BRK não alteraram o panorama geral da sua carteira. Até o final do segundo trimestre de 2023, o conglomerado ainda possuía 49 ações distintas, avaliadas coletivamente em US$ 348,19 bilhões.

    Maiores compras de Warren Buffett no 2T

    Fonte: InvestingPro

    As principais posições nessa carteira foram a Apple, com uma parcela sólida de 51,00%, seguida pelo Bank of America Corp (NYSE:BAC) com 8,51%, e American Express (NYSE:AXP) com 7,59%.

    Maiores posições de Warren Buffett

    Fonte: InvestingPro

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    Aviso: O autor possui posições compradas em Apple, Microsoft e American Express. / Tradução de Julio Alves.

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