O ECB (European Central Bank) se reuniu hoje na Grécia, e decidiu por manter a taxa básica de juros em 4,5%. Lembrando, que o Comitê Executivo do Banco Central Europeu, que é responsável pela condução da política monetária da Zona do Euro, através de suas Reuniões do Comitê Executivo do BCE, define três taxas para a consecução dos objetivos almejados para com a política monetária adotada. As taxas definidas pelo ECB são:
1) Taxa de Juros de Refinanciamento Principal (Main Refinancing Rate): Essa é a taxa de juros principal utilizada pelo ECB em suas operações de refinanciamento com bancos comerciais. Essa também é a taxa interbancária "overnight", pela qual os bancos fazem empréstimos uns aos outros, geralmente com uma pequena duração, para atender requisitos de liquidez. Ou seja, são transações financeiras realizadas entre bancos, envolvendo empréstimos de curto prazo ou troca de recursos financeiros para atender às necessidades de liquidez temporária ou para gerenciar reservas bancárias. O ECB decidiu manter essa taxa em 4,5%, tendo em vista o arrefecimento mais recente da inflação na Zona do Euro, como veremos mais adiante.
2) Taxa de Juros de Depósito (Deposit Rate): Essa é a taxa de juros que os bancos comerciais recebem ao depositar dinheiro no ECB, sob a forma de reservas bancárias. Quando o ECB quer incentivar os bancos a emprestar dinheiro ao invés de manter os depósitos no banco central, ele pode reduzir a taxa de juros de depósito, fazendo assim as instituições financeiras a tirar o seu dinheiro depositado junto ao banco central e emprestá-lo no mercado creditício, a juros maiores. O banco central pode até manter as taxas de juros negativas para reduzir o montante depositado, tudo isso para indicar que a instituição financeira deverá manter apenas a quantia mínima estabelecida pela lei, a não ser que ela queira ver seu depósito diminuindo aos poucos. Quando a taxa de depósito está alta, as instituições financeiras tendem a manter uma quantia de capital maior depositada junto ao banco central, uma vez que as taxas tornam a operação segura, rentável e atraente, e, como o dinheiro no mercado se torna escasso, essa ferramenta de política monetária costuma arrefecer a demanda agregada, uma vez que tem menos liquidez no mercado, diminuindo a inflação. O ECB manteve essa taxa em 4%. Para se ter noção, o ECB manteve essa taxa negativa de 2014 a 2022, e depois de julho de 2022 a taxa de depósito subiu rapidamente.
3) Taxa de Empréstimo Marginal (Marginal Lending Rate): Essa é a taxa de juros que os bancos pagam quando pegam empréstimos de curto prazo com o ECB. Normalmente, essa taxa de juros é mais alta que a taxa de rendimento principal, uma vez que as instituições financeiras a utilizam para operações de empréstimo de curto prazo com o banco central. Geralmente, as instituições financeiras fazem esse tipo de operação para angariar liquidez de curtíssimo prazo em suas operações. Assim como as outras taxas, o ECB pode aumentá-la se quiser desincentivar esse tipo de empréstimo, gerando menos liquidez potencial no mercado e contendo a inflação, ou diminuí-la, incentivando os bancos a utilizarem essa ferramenta para conseguir liquidez. O ECB manteve a taxa de empréstimo marginal em 4,75%. De 2016 até 2022, o ECB manteve a taxa em 0,25%, incentivando esse tipo de operação entre os bancos, incentivando a demanda agregada e, consequentemente, a inflação.
Os membros do Comitê Executivo do ECB, na sua comunicação para com o público, reconheceram os avanços recentes para a diminuição da inflação, e ainda reforçaram que estão comprometidos para levar a inflação de volta para a meta em 2%. Além disso, o ECB comunicou que estão descontinuando seu programa de flexibilização quantitativa (QE) direcionado: o Asset Purchase Program (APP), não mais reinvestindo os pagamentos principais dos títulos que estão vencendo. Além disso, estão estudando o desinvestimento contínuo do Pandemic Emergency Purchase Programme (PEPP), outra medida emergencial de quantitative easing na época da pandemia, que será descontinuada em 2024.
Os formuladores reconhecem a queda substancial da inflação anual, que caiu de 5,2% em agosto para 4,3% em setembro. O núcleo da inflação também caiu, nesses mesmos meses de 5,3% para 4,5%. Porém, as pressões de preços domésticos continuam fortes, refletindo o aumento real no salário dos trabalhadores.
A atividade econômica permanece fraca. A demanda estrangeira continua pífia, e as condições de financiamento, devido à política monetária contracionista, encarece as condições de financiamento e crédito pessoal. O setor de serviços, que era o setor que mais estava se desenvolvendo, mesmo com o crescimento estagnado, está mostrando sinais de retrocesso, principalmente pelas condições creditícias. Além disso, com as condições atuais, os membros do ECB começam a vislumbrar um enfraquecimento do mercado de trabalho, que já não está gerando empregos como outrora.