Calendário Econômico: Temporada de Balanços, inflação nos EUA com tarifas de Trump
Após um crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2025, impulsionado quase exclusivamente pelo agronegócio, a economia brasileira dá sinais preocupantes de desaceleração. A pergunta que começa a circular entre analistas e investidores é direta: o Brasil caminha para uma recessão técnica?
O conceito de recessão técnica é simples, mas grave: ocorre quando a economia registra dois trimestres consecutivos de queda no Produto Interno Bruto (PIB). E os indicadores antecedentes para o segundo trimestre de 2025 não são animadores.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, apresentou retração em abril e maio, segundo projeções de consultorias privadas. A produção industrial vem oscilando negativamente, o setor de serviços mostra perda de fôlego e o comércio varejista já sente os impactos do crédito caro.
O principal responsável por esse cenário é a política monetária restritiva. Com a Selic em 14,75% ao ano e expectativa de novas altas até o fim de 2025, o custo do dinheiro atingiu níveis que dificultam o consumo das famílias e o investimento das empresas. O crédito imobiliário desacelerou, a inadimplência voltou a subir e o endividamento das famílias atinge recordes históricos.
Além disso, o ambiente internacional também não colabora. A nova gestão de Donald Trump nos Estados Unidos tem adotado medidas protecionistas que afetam a demanda global por produtos industriais, impactando as exportações brasileiras. Na China, os sinais de desaceleração do crescimento reduzem o apetite por commodities, o que pode enfraquecer ainda mais o desempenho do agronegócio nos próximos trimestres.
Se a agropecuária — que foi o motor do crescimento recente — também começar a perder força, o risco de um recuo generalizado da atividade econômica aumenta.
O mercado financeiro já começa a reprecificar suas expectativas. Relatórios de grandes bancos apontam revisões para baixo nas projeções de crescimento do PIB para o ano. A Focus do Banco Central, por exemplo, já registra uma sequência de cortes na expectativa de crescimento para 2025.
O cenário exige atenção redobrada. Se as próximas divulgações de atividade — incluindo os dados oficiais do segundo trimestre — confirmarem a tendência de desaceleração, o Brasil poderá entrar, ainda este ano, em uma recessão técnica.
A pergunta que fica: até que ponto o Banco Central manterá a política de juros elevados diante de uma economia em desaceleração? E o governo, terá espaço fiscal para reagir com estímulos?
Enquanto as respostas não vêm, o investidor precisa acompanhar de perto os dados de atividade, inflação e expectativas de mercado. O segundo semestre promete fortes emoções.