Bancos brasileiros foram questionados por Tesouro dos EUA sobre ações envolvendo Lei Magnitsky, diz fonte
Com Tiago Dowsley* e Marcelo Espiga**
A retração global do venture capital tem mudado o jogo dos investimentos. No primeiro trimestre de 2025, segundo a KPMG, os fundos que apostam em startups captaram US$ 26 bilhões no mundo, distribuídos entre 191 fundos — o pior desempenho para o período desde 2017. Para efeitos de comparação, no mesmo intervalo de 2024 o montante foi de US$ 31 bilhões.
Ao mesmo tempo, algumas empresas enfrentam o desafio da sucessão, muitas vezes sem herdeiros dispostos a assumir o comando. Nesse cenário, um modelo de investimento começou a ganhar força: os Search Funds. E 2024 foi um ano histórico para o setor, com recorde de novos fundos criados no Brasil e na América Latina.
Criado nos anos 80 em universidades americanas como Stanford e Harvard, o Search Fund é um modelo de investimento que vem crescendo no Brasil e se mostra uma alternativa atraente para donos de empresas que pensam em vender ou organizar uma sucessão estruturada.
Em linhas gerais, é uma estrutura em que empreendedores (chamados de Searchers) levantam capital com investidores para comprar e operar uma empresa de pequeno ou médio porte, lucrativa e com potencial de expansão.
Na prática, o Searcher levanta recursos para bancar a fase de prospecção. Nesse período mapeia mercado, avalia e identifica negócios sólidos, conversa com proprietários (que muitas vezes desejam se aposentar ou reduzir sua participação no dia a dia da empresa) e conduz a due diligence.
Depois, com a empresa-alvo definida, apresenta a oportunidade aos investidores, que podem aportar novos recursos para viabilizar a compra. Fechada a transação, o empreendedor assume como CEO, implementando melhorias operacionais e estratégias de crescimento, com apoio de investidores experientes para acelerar o crescimento. Alguns anos depois pode ocorrer uma venda, fusão ou outra saída estratégica.
O modelo traz vantagens para os dois lados. Em vez de criar uma empresa do zero, o Searcher assume o comando de um negócio já validado, mas que precisa de capital, gestão profissional e visão de longo prazo. Já para os donos de empresas, por outro lado, permite-se uma sucessão estruturada quando não há herdeiros interessados, ajuda a preservar a cultura e o legado do negócio e amplia o acesso a capital e know-how por meio da rede de investidores.
O Brasil tem se consolidado como um dos principais mercados para Search Funds na América Latina, juntamente com o México. Diversos fundos e operações já estão em andamento, com apoio de instituições como Insper, Endeavor, Harvard Alumni e investidores-anjo.
E há espaço para crescer mais: segundo dados da Fundação Dom Cabral e IBGE, existem entre 60 e 80 mil empresas de médio porte no Brasil que podem ser alvo desse tipo de operação.
A tendência, portanto, é que o modelo se expanda rapidamente, atraindo tanto empreendedores com experiência executiva quanto investidores interessados em diversificar suas carteiras.
Para quem busca transformar a sucessão em oportunidade de crescimento ou realizar o valor construído ao longo de anos, os Search Funds aparecem como uma alternativa estratégica.
*Durante seus 10 anos no Grupo Soma (SOMA3), desempenhou um papel fundamental na aceleração da empresa até o IPO. Sua atuação abrangeu diversas áreas, desde liderança como diretor de vendas online, onde elevou as vendas de R$100 milhões para R$1 bilhão, até funções estratégicas em recursos humanos, experiência do cliente, marketing digital, logística e CSC.
**Com MBA pelo MIT, acumulou valiosa experiência durante seus 5 anos na McKinsey, onde foi gerente e liderou projetos em grandes empresas, com foco em digitalização e serviços financeiros. Sua experiência o permitiu co-fundar a FLOKI Technologies, uma startup de tecnologia focada em ajudar o setor de compras no setor de food service, a qual recebeu investimentos significativos de grandes fundos de venture capital, crescendo e sendo vendida em 2023.