Margens do varejo e consumo sofrem com redução da renda da população
A temporada de balanços não deve ser positiva para as empresas brasileiras do setor de consumo. A combinação de inflação alta e menor disponibilidade de renda da população obrigou algumas das principais companhias da bolsa a adotarem estratégias agressivas de preços, o que deve impactar as margens do primeiro trimestre.
“O setor de varejo e consumo deve apresentar resultados negativos pelo quarto trimestre consecutivo. Acreditamos que a desaceleração da economia ainda não chegou ao fim e que, infelizmente, isso deve levar algum tempo para melhorar”, afirmam, em relatório, Tobias Stingelin, Giovana Oliveira e Antonio Gonzales, do Credit Suisse.
Estratégia mais agressiva com bons resultados
É o caso do Grupo Pão de Açúcar (SA:PCAR4). Segundo os analistas, o aumento das vendas do grupo varejista no quarto trimestre de 2015 foi resultado da estratégia de preços mais agressiva da empresa, o que irá resultar na compressão de margens.
Na avaliação de Thiago Duarte, do BTG Pactual (SA:BBTG11), a BRF (SA:BRFS3) – que divulga seus resultados hoje após o fechamento do mercado – também deve apresentar margens mais baixas entre janeiro e março. Além dos preços mais competitivos, a operação brasileira da companhia também deve absorver o aumento dos custos com o milho.
O analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, lembra ainda que o cenário adverso faz com que os consumidores migrem para produtos de menor valor agregado, mais um fator de pressão nos resultados.
Redução nas vendas
As mudanças nos hábitos de compra do brasileiro também devem pesar sobre os números da Ambev. O Credit Suisse estima uma queda de cerca de 4% no volume comercializado pela fabricante de bebidas, já o BTG prevê uma redução de até 5,5% nas vendas.
Para quem mesmo assim deseja assumir um risco com ações do setor, a recomendação são os papéis de empresas farmacêuticas como Raia Drogasil, que deve reportar à noite números mais positivos no período.