Não é nenhuma novidade que a Sabesp (BVMF:SBSP3) está na fila das privatizações do Estado de São Paulo. Só que o grande problema é que essa privatização vem sendo prometida desde a época do João Dória, que vivia dizendo que ia privatizar a companhia, mas acabou não fazendo nada.
Agora, com a chegada do novo governador, Tarcísio, o assunto volta a tomar corpo. E pelo que parece, o pontapé inicial já foi dado. O governador do Estado de São Paulo tem sido bastante enfático em relação à privatização da Sabesp. De fato, ele já criou a Secretaria de Parcerias e Investimentos em conjunto com o setor privado, conhecida como Secretaria do PPI Paulista, a qual foi idealizada para direcionar os esforços de privatização e concessão. Além disso, outra Secretaria foi criada, a de Negócios Internacionais, que tem por objetivo realizar a busca ativa por investidores para que o Estado de São Paulo possa estar mais presente no exterior.
Os estudos para avaliar a privatização da Sabesp já estão sendo especulados, e essas análises poderão indicar se a privatização é uma medida viável ou não. A ideia por trás da privatização é que ela possa resultar em um aumento dos investimentos na empresa, bem como em ações mais efetivas, além de possibilitar investimentos em áreas como a de reuso de água, universalização, ligações, coleta e tratamento de esgoto e, por fim, reduzir a tarifa de água. Em resumo, o objetivo é encontrar uma equação que permita aumentar o investimento, ao mesmo tempo em que se reduz a tarifa, de modo que a água possa chegar mais barata e de maneira mais eficiente na torneira das pessoas.
Em março de 2023, Tarcísio de Freitas disse que o governo de São Paulo vai contratar a International Finance Corporation (IFC) — que é um braço do Banco Mundial — para estruturar estudos para uma eventual privatização da empresa. No entanto, mesmo se os estudos sinalizarem positivamente para a privatização ele disse que é uma operação para ser realizada em de 2024.
Apesar da Sabesp prestar um serviço de primeira, ela tem uns probleminhas. Por conta disso, tem rolado algumas discussões sobre como a Sabesp está se saindo no fornecimento de saneamento básico. E, por ser uma empresa pública, tem um monte de gente dando pitaco, desde a imprensa até investidores, políticos e a própria empresa.
No entanto, quem é o grande responsável por dizer se a Sabesp está ou não fazendo um bom trabalho é a Arsesp, que é a agência que regula esse setor lá em São Paulo. Eles são os caras mais capacitados para dizer se a companhia está sendo eficiente ou não.
A agência é responsável por determinar os custos e despesas envolvidos na prestação dos serviços, garantir que os investimentos na construção de ativos sejam eficientes e estabelecer tarifas que cubram todos os custos, despesas e investimentos necessários.
Durante a 3ª Revisão Tarifária da Sabesp, a Arsesp tornou público um relatório indicando que a empresa projetou gastos para Pessoal, Materiais, Serviços de Terceiros e Outros (PMSO), que são cerca de 20% mais altos do que os custos considerados eficientes pela agência reguladora para o período de 2021 a 2024.
Essa situação parece ficar ainda pior quando observamos a discrepância entre os valores projetados pela Sabesp e os valores efetivamente registrados. Em 2021, por exemplo, os gastos reportados pela empresa com Pessoal, Materiais, Serviços de Terceiros e Outros (PMSO) foram 25% mais altos do que os valores regulatórios estabelecidos pela Arsesp.
Além disso, em 2021, a agência reconheceu que a empresa está desperdiçando capital em seus investimentos. A título de comparação, no setor elétrico, as empresas de distribuição de energia têm um índice de reconhecimento de investimentos de 98%, enquanto a Sabesp tem apenas 86%. Isso significa que aproximadamente 14% dos recursos investidos pela empresa não se convertem em ativos, o que representa um desperdício significativo de recursos. Ou seja, uma boa parte do investimento da companhia está indo para o ralo.
Sem sombra de dúvidas, a privatização traria ordem à casa e solucionaria esses problemas que a Sabesp está enfrentando. Realizamos até uma simulação considerando uma redução de 20% em suas despesas. Isso faria a Margem EBIT da empresa saltar para impressionantes 46%, elevando consideravelmente o valor justo da ação da companhia em mais de 40%.
Fazendo essa simulação de cenário, é fácil perceber que uma redução nos custos e despesas operacionais podem elevar significativamente o valor da empresa para patamares ainda maiores.
De quebra, a melhoria na eficiência operacional pode proporcionar uma redução nas tarifas cobradas pela empresa. Ao otimizar seus processos, a Sabesp pode diminuir seus custos de produção e distribuição de água, o que poderia ser repassado para os consumidores finais na forma de tarifas mais acessíveis.