O mercado de açúcar continua sua trajetória de morro abaixo. O vencimento julho de 2013 encerrou a semana com queda acumulada de 12 pontos (2,65 dólares por tonelada). Os demais vencimentos também fecharam no vermelho com variações entre 13 e 32 pontos de baixa (de 2,87 a 7,05 dólares por tonelada). Nos últimos 20 pregões, o mercado fechou em baixa em 15; nos últimos 40, em 27; ou seja, os baixistas se divertem. Enquanto isso, pouco ou nada muda na ordem das coisas. O mercado físico externo continua devagar muito embora os descontos tenham diminuído ligeiramente.
A velha estória: mudança na direção do preço no mercado internacional só deverá ocorrer quando e se houver problema climático que atrase a moagem, ou ainda uma combinação de estrangulamento logístico no porto de Santos com chuvas. Isso quer dizer o seguinte: o mercado só sobe se São Pedro estiver long (comprado). Em agosto de 2012 tivemos uma situação em que o mercado caiu 17 vezes em 20 pregões (recorde desde 1961). No entanto, cair 27 vezes em 40 pregões já é algo que empurra a estatística para mais longe. A última vez que vimos isso ocorrer foi em setembro de 2006. O recorde de número de quedas em 40 pregões é de 30 (ocorrido em 1965).
O dólar continuou fazendo a diferença no mercado de açúcar valorizando-se em relação ao real e incentivando as usinas que estavam atrasadas nas fixações de preço de seus contratos comerciais contra o vencimento julho a aproveitaram os valores mais altos em reais por tonelada desde o começo do mês passado.
Se usarmos como parâmetro o valor em reais (cotação de fechamento do açúcar em NY vezes a taxa de câmbio, convertida em reais por tonelada), o mais baixo recentemente visto foi de R$ 783,20 por tonelada dia 22 de maio (16,65 centavos de dólar por libra-peso); vezes o fechamento do câmbio daquele dia (2,0506), vezes 22,0462 para converter em dólar por tonelada acrescido de 4,05% do prêmio de polarização. Antes dele, o recorde anterior era de R$ 778,30 por tonelada em 11 de maio de 2011 quando NY negociava a 20,94 e o câmbio fechava a 1,6203.
Pelo mesmo critério acima descobrimos que a média dos últimos 6 anos foi de R$ 785,00 por tonelada e que nesse período (de abril de 2007 até maio de 2013) o valor mais alto foi de R$ 1351,00 e o mais baixo de R$ 356,00. Ou seja, o mundo já foi mais cruel com os preços.
Alguma luz no fim do túnel? Sem usar a piada óbvia, o fato é que o mercado está sofrendo de abulia, ou seja, da incapacidade de tomar decisões, normalmente em função de problemas referentes à saúde física ou mental. Tivemos um caminhão de notícias que normalmente trariam algum refresco para o mercado esta semana: uma trading lá fora que diminui substancialmente o superávit de açúcar, um produtor diminuindo o mix de açúcar violentamente, relatórios pipocando aqui e ali dando conta de que Índia, Tailândia e China vão produzir menos açúcar na 2013/2014, e por aí vai. O mercado está tão apático que é incapaz de reagir a qualquer sopro positivo. É assim. Mas vai passar.
Menor valor do Consecana do que anteriormente estimado por nós, somado à desvalorização real frente ao dólar, empurra para baixo o custo de produção do açúcar pelo modelo da Archer Consulting. Usando o dólar de 2,1224 o custo FOB Santos é de 15,99 centavos de dólar por libra-peso, sem contar com o custo financeiro que acrescentaria quase 200 pontos nesse valor. As usinas bem capitalizadas, eficientes e com custo de produção baixo ainda conseguem ter números positivos em suas operações. Já as demais, estão penando.
Na 4ª estimativa da safra 2013/2014, reduzimos ligeiramente a quantidade de cana a ser moída para 578 milhões de toneladas reduzindo a disponibilidade de cana em 2,284 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior. O mix para açúcar foi alterado para 45,65%. Dessa forma, estimamos uma produção de açúcar no Centro-Sul de 34,217 milhões de toneladas e 25,106 bilhões de litros de etanol.
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