Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Café futuro atinge máxima plurianual em julho de 2021
- Starbucks toca topo histórico no mesmo mês – resultados continuam superando expectativas
- Aumentam custos de produtos vendidos pela empresa
- Pressões inflacionárias, clima e problemas na cadeia de fornecimento contribuem para a alta do café
- Empresas repassarão custos mais altos aos consumidores – SBUX segue em tendência de alta
A Starbucks (NASDAQ:SBUX) (SA:SBUB34) é a rede de cafeterias mais bem-sucedida do mundo. Em 2020, a empresa tinha 32.646 lojas. Havia mais estabelecimentos da Starbucks fora dos Estados Unidos do que no país onde a companhia está sediada. Nos EUA, estavam em operação 15.328 lojas da Starbucks, enquanto que, em outros países, esse número era de 17.318.
Os negócios dessa empresa sediada em Seattle, Washington, têm tudo a ver com o café. A companhia é a maior consumidora mundial do produto.
De fato, café e Starbucks são sinônimos. A recente alta dos preços do café até a máxima plurianual acima de US$2 por libra-peso deve corroer os lucros da SBUX. No entanto, a ação dos preços das suas ações mostra que a companhia não sofreu com a escalada de preços do seu principal produto.
O café atingiu seu preço mais alto desde 2014 em julho de 2021, quando os papéis da SBUX alcançaram nova máxima recorde. Embora seja intuitivo acreditar que os preços mais altos do café podem pesar sobre as ações da SBUX, a empresa provavelmente conseguirá repassar os custos para sua enorme base de clientes.
Café futuro atinge máxima plurianual em julho de 2021
Os preços do café explodiram até sua cotação mais alta em anos no mês de julho, na esteira das escalada inflacionária e eventos climáticos e cambiais no Brasil, maior produtor e exportador mundial de café arábica.
Fonte: CQG
O gráfico acima destaca a ascensão do café futuro na ICE, com seus preços atingindo a máxima de US$2,1520 por libra-peso em julho, nível mais alto desde outubro de 2014, quando atingiram o pico de US$2,2525.
O café se recuperou forte, com sua cotação mais do que dobrando desde junho de 2020, quando tocou a mínima de 92,70 centavos. Nas principais regiões produtoras do Brasil, uma geada fez com que os preços superassem a marca de US$2 por libra-peso pela primeira vez em quase sete anos. Ao mesmo tempo, a alta do real brasileiro frente o dólar elevou os custos locais de produção, pressionando para cima o café futuro a partir da mínima de meados de 2020.
Fonte: CQG
O gráfico mostra a alta na cotação do real brasileiro contra o dólar desde a mínima de US$0,1673 em maio de 2020 até a máxima de US$0,20445 em julho, uma alta de 22,2%. O aumento dos custos locais e de mão de obra está promovendo a alta do café no mercado futuro.
O contrato com vencimento em dezembro era negociado um pouco acima de US$1,90 por libra-peso em 3 de setembro.
SBUX toca topo histórico no mesmo mês – resultados continuam superando expectativas
A Starbucks é uma das maiores consumidoras mundiais de café, que não por outra razão é seu principal insumo. Desde que o mercado tocou o fundo em março de 2020, as ações da SBUX não pararam de subir.
Fonte: Barchart
O gráfico mostra a ascensão dos papéis da SBUX desde a mínima de US$50,02 em 18 de março de 2020 até o recorde de US$126,32 em 23 de julho de 2021, uma valorização de mais de 152,5%.
A SBUX continua superando as previsões de resultados a cada trimestre.
Fonte: Yahoo Finance
O gráfico mostra que a SBUX superou as projeções consensuais de resultados nos últimos quatro trimestres consecutivos. No 2º tri de 2021, a companhia lucrou US$1,01 por ação, 23 centavos a mais do que o mercado esperava.
A SBUX estava cotada a US$117,19 no dia 3 de setembro. No momento da publicação, já havia subido para US$118,04. Uma pesquisa com trinta e um analistas feita pelo Yahoo Finance estabeleceu o preço-alvo médio de US$131,40 por ação, o que colocaria a ação em uma nova máxima histórica. As previsões variam de US$95 a US$148 por ação.
Aumentam custos de produtos vendidos pela empresa
A alta dos preços do café custa caro para a SBUX e outros consumidores. Os grãos de café representam um custo significativo por produto vendido pela empresa.
Embora a alta recente do café não tenha impactado os resultados da companhia, a continuidade da valorização do produto pode pesar sobre o preço da ação da empresa.
O último bull market considerável no mercado futuro do café ocorreu em 2008, durante a crise financeira mundial, cujo pico foi tocado em 2011.
Fonte: CQG
Como ressalta o gráfico mensal, o ambiente inflacionário no início da crise financeira mundial de 2008 alçou o café arábica futuro da mínima de US$1,0170 por libra-peso em dezembro daquele ano até a máxima de US$3,0625 em maio de 2011. O preço da commodity triplicou em dois anos e meio.
Pressões inflacionárias, clima e problemas na cadeia de fornecimento contribuem para a alta do café
A única diferença na abordagem do banco central e do governo americano durante a pandemia global e a crise de 2008 foi que, em 2020, os níveis de estímulo monetário foram muito maiores. Albert Einstein certa feita afirmou que a definição de insanidade é continuar fazendo a mesma coisa e esperar um resultado diferente. As iniciativas de política fiscal e monetária desde março de 2020 fizeram a inflação disparar.
O café futuro triplicou de valor de 2008 até 2011. O recente movimento até US$2,1520 por libra-peso pode ser o início de um rali que durará vários anos.
Enquanto isso, o mercado futuro do café experimentou uma tempestade altista quase perfeita. Com a alta de outras commodities, a moeda brasileira empreendeu tendência de alta, elevando os custos de produção. A recente geada registrada no país deve pressionar para baixo as ofertas. Além disso, como a Covid-19 e suas variantes continuam se disseminando no Brasil, problemas de cadeia de fornecimento estão aparecendo, encarecendo o transporte de grãos.
Empresas repassarão custos mais altos aos consumidores – SBUX segue em tendência de alta
O caminho de menor resistência do café futuro e das ações da SBUX ainda é para cima. O tempo dirá se a alta de preços do café irá pesar sobre os resultados da Starbucks e o preço de suas ações. Enquanto isso, pressões inflacionárias deterioram o valor do dinheiro e elevam os preços de todos os ativos.
A Starbucks repassará a alta nos preços do café para sua fiel base de clientes. Com a alta dos custos de todos os bens de consumo, a SBUX é apenas mais uma empresa a elevar seus preços. A xícara de café da Starbucks não é tão elástica, já que a empresa a oferece juntamente com um ambiente de consumo, o que deve amortecer o efeito da alta dos preços do café.
A inflação está se dissipando para todos os bens, serviços e ativos. As ações da SBUX devem seguir o mercado geral em sua tendência de alta, em vez do preço do café no atacado. O principal risco para a SBUX é uma correção no mercado.