Afinal, estaria o BC utilizando a manutenção da taxa cambial em níveis questionáveis para sancionar sinais de melhora do país, ainda que estas não encontrem em medidas efetivas focadas na retomada da atividade econômica do país e muito menos na sua política fiscal, passando assim um sentimento ancorado em anseios e não nos modestos e ruins números que vem sendo divulgados.
Muito se tem dito e com grande dose de crença sobre a atividade econômica do Brasil, mas o que se torna público evidenciam continuidade do desemprego, da renda e do consumo, provocando recuo das vendas no varejo, etc.... que não sancionam otimismo e empolgação que se observa em alguns setores da economia, não tão intensos produtivamente e geradores de empregos.
Melhorou? O “clima” deixou de ser nefasto, mas de concreto só a ampliação do déficit de 2016 e o já crescente déficit projetado para 2017, sem perspectivas de melhoras efetivas, mas muito de anseios.
Quando observamos a balança comercial brasileira verificamos que atingiu um saldo liquido positivo exuberante de US$ 23,6 Bi e acredita-se que poderá atingir US$ 55,0 Bi ao final do ano.
Contudo, é notório que com a moeda americana mantendo preço bastante desequilibrado a performance brasileira tenderá a ser cadente nas exportações e poderá se reaquecida nas importações, detalhe já perceptível quando se observa o comportamento do fluxo cambial.
O fluxo cambial divulgado na quarta-feira ultima (até dia 8) pelo BC sinaliza pontos relevantes que parecem não vir merecendo a atenção necessária encoberta pelo clima de euforismo.
O fluxo comercial, em linha com a performance da balança comercial, registra ingressos líquidos de US$ 26,5 Bi, contudo no mesmo período o país perdeu pelo fluxo financeiro US$. 38,7 Bi, resultando um fluxo total líquido de US$ 12,1 Bi. E mais, há um notório viés de fluxo comercial positivo cadente e de fluxo financeiro negativo crescente.
Então, onde estão os dólares que se propagam continuamente que estão direcionados a BM&FBovespa (SA:BVMF3), etc....
Conclui-se que tanto o preço do dólar é cadente, quanto a bolsa sofre valorização, por razões puramente internas e oportunistas, mascaradas como reflexo do mercado global.
O BC por sua vez, ainda detentor de substantiva posição de swaps cambiais no mercado de câmbio, realiza discretíssima, o que denomina como intervenção, oferta diária de swaps cambiais reversos como se não desejasse provocar danos aos especuladores com a moeda, mas causando forte desalento a indústria exportadora que perde capacidade competitiva e vê os pedidos irem minguando, com o risco latente do país elevar bruscamente os seus volumes de importações.
Atravessamos um momento bastante confuso no câmbio, de vez que inexistem fundamentos críveis e quantificáveis para justificar a apreciação forte do real, que, na margem pode ser um fator inibidor a pretensos investidores estrangeiros visto que nos níveis atuais tem um conteúdo relevante de risco de variação cambial.
O mundo nos observa, embora de forma menos intensa do que outrora, o mesmo acontecendo com as agências de rating, que se não perceberem reais mudanças no país, preponderando somente a grandeza do déficit, até agora atribuído por conta e ordem da Presidenta afastada, poderão retomar o alinhamento de rebaixamento do rating brasileiro.
O dólar tem grande relevância na economia brasileira, seu mal uso poderá precipitar consequências no curto/ médio prazos que podem, face ao entusiasmo predominante de alguns setores ainda que sem fundamentos concretos, causar efeitos retardatários na recuperação da atividade econômica do país.
Certamente, não será com o mascaramento do preço da moeda americana, depreciando-a de forma abrupta e irreal, que o país vai reconquistar a retomada da atividade econômica e melhora da política fiscal.