Ninguém vai dormir magro e acorda obeso ou vai dormir com uma vida financeira encaminhada e acorda quebrado. A mesma lógica se aplica a um país. Nenhum país quebra da noite para o dia. Tudo é um processo, que se repetido diversas vezes, mais cedo ou mais tarde a conta virá.
O nosso bem estar futuro, seja físico ou financeiro, é conquistada por meio de decisões tomadas no presente. Se você comer descontroladamente é bem possível que em algum momento você tenha problemas com a balança, da mesma forma acontece com um país que gasta além da sua capacidade.
Se um país gastar mais do que arrecada sem um controle de endividamento é questão de tempo para ele ter problemas para se financiar. O que se discute hoje não é o não pagamento dos programas sociais, o estado deve cuidar dos mais vulneráveis e os R$600 do auxílio era esperado, visto que foi prometido tanto por Lula quanto Bolsonaro.
O problema é querer um cheque em branco para gastar nos próximos 4 anos com a desculpa de ajudar os mais pobres. Se esse for o caminho escolhido acontecerá o oposto e os mais pobres irão sofrer ainda mais. Isso já vem sendo refletido nos juros futuros, queda do Ibovespa e na valorização do dólar.
É questão de tempo para a política monetária desacelerar a atividade econômica em todo o mundo, e quando o fizer, os preços das commodities podem corrigir. Isso significa perca de arrecadação para a economia cíclica brasileira num momento que se discute inclusão de despesas permanentes. Essa conta não fecha.
É preciso olhar com atenção o que ocorreu na Inglaterra da ex primeira ministra Lizz truss, o mundo mudou e com a alta das taxas de juros em todo o mundo não há margem para terraplanismo fiscal.
Ainda mais do país emergente que paga 13,75% ao ano para se financiar e já tem 78% de Dívida/PIB. Se essa política fiscal descontrolada for adiante com a desculpa de se alcançar a “responsabilidade social” o brasileiro já pode começar a se preparar para reviver os piores anos da era Dilma.
Para a Dívida/PIB do país começar a cair é preciso ter um superávit de 2% em 2023. Por sua vez, com os gastos previstos possivelmente teremos um déficit primário de 2%. Com um juro real em 6% só um crescimento econômico da época do milagre brasileiro é capaz de reduzir a dívida. Se a dívida não cair o banco central não reduz a taxa Selic e, com isso, é questão de tempo para o mercado reprecificar o valuation do Ibovespa e o valor justo do dólar. Não podemos nos esquecer que o que é ruim, pode sempre piorar.