Em março, os preços do trigo subiram em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. O movimento de alta foi favorecido pela oferta de lotes de indústrias acima de valores vistos anteriormente, além da competitividade com o milho. Além disso, o direcionamento de compradores ao mercado doméstico, devido aos custos elevados de importação, e os atrasos nos embarques do cereal argentino favoreceram as elevações – vale ressaltar que muitos demandantes precisam recorrer ao cereal importado ou de estados vizinhos e, nestes casos, os valores CIF ficam bem acima do esperado por compradores.
No acumulado do mês, no mercado de balcão, as cotações aumentaram 10,5% no Rio Grande do Sul, 3,6% no Paraná e 1,1% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as altas foram de 14,4% no Rio Grande do Sul, de 5% Paraná, 4,8% em São Paulo, 11% em Santa Catarina e de 1,8% e 11,2% em Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, respectivamente.
Esses recentes aumentos, por sua vez, podem estimular produtores a semearem o cereal neste ano. No Rio Grande do Sul, o período de semeio ainda está distante, mas produtores estão otimistas quanto ao cultivo nesta temporada. Muitos agentes acreditam que o fenômeno La Niña, que tende a potencializar o clima frio e seco, pode ser benéfico para algumas fases de desenvolvimento do grão. Assim, agentes reportaram boa demanda para a aquisição de sementes do cereal, especialmente nas regiões norte e noroeste do estado.
CAMPO – Nos Estados Unidos, a estabilidade da área de trigo de inverno foi confirmada, segundo dados divulgados pelo USDA no dia 29, que também indicaram estoques 10% menores em relação aos do mesmo período do ano passado – vale ressaltar que estes dados se referem ao período até 1° de março. No geral, a área de trigo nos Estados Unidos deve crescer 3% de 2017 para 2018.
No Paraná, o Deral/Seab indica que a área de trigo de 2018 deve totalizar 1,05 milhão de hectares – 8% acima do registrado na safra anterior – e a produtividade pode aumentar 37%, resultando em produção de 3,3 milhões de toneladas – 49% acima no mesmo comparativo. Ainda não há dados oficiais para o Rio Grande do Sul e São Paulo.
Na Argentina, também sem dados oficiais, a especulação é de área maior, dependendo exclusivamente do clima, que pode ser decisivo no cultivo do grão.
DERIVADOS – Ainda que aos poucos, indústrias e moinhos repassaram a alta do trigo para os derivados. Mesmo assim, a liquidez segue baixa. No entanto, agentes colaboradores do Cepea indicam que varejistas estão interessados em novas compras e em fechamentos de contratos.
Entre fevereiro e março, as cotações das farinhas para panificação, integral, bolacha doce, bolacha salgada, pré-mistura e massa fresca subiram 1,38%, 0,34%, 0,16%, 1,09%, 1,53% e 0,11%, respectivamente. Apenas a farinha para massas em geral não teve o repasse da indústria, recuando 0,82% no mês.
Para o farelo de trigo, a demanda mais aquecida favoreceu a elevação dos preços; porém, as vendas de balcão do ensacado permaneceram restritas, pressionando os valores. Com isso, no acumulado de março, o farelo de trigo a granel apresentou valorização de 0,66% em relação ao mês anterior, enquanto o ensacado se desvalorizou 1,59%.
INTERNACIONAL – Os preços nos Estados Unidos acumularam fortes baixas em março, influenciados por vendas menores do cereal daquele país. Além disso, dados de oferta e estoques finais acima do esperado por agentes também influenciaram as cotações.
Assim, entre 28 de fevereiro e 29 de março, o contrato Março/18 do trigo Soft Red Winter na CME Group recuou 6,9%, a US$ 4,7474/bushel (US$ 174,43/t). O contrato Mar/18 do trigo Hard Winter, na Bolsa de Kansas, se desvalorizou 8,1%, a US$ 4,9498/bushel (US$ 183,33/t).
SECEX – Em março, segundo dados da Secex, as importações brasileiras de trigo em grão somaram 464,35 mil toneladas, volume 10,4% superior se comparado ao do mês anterior. Do volume importado, 98,2% vieram da Argentina e 1,8% teve o Paraguai como origem. As exportações brasileiras também aumentaram expressivos 125% no acumulado do mês, somando 52,64 mil t. Para o segmento de farinhas, as importações aumentaram 3,7% entre um mês e outro, e as exportações, fortes 156,2% no mesmo comparativo.