Em Brasília, às 8h, o Banco Central divulga a ata da reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa do mercado financeiro é de que o documento revele os motivos da manutenção da taxa Selic em 10,50%, após sete cortes seguidos. Mais que isso, espera-se entender se o movimento indicou uma pausa ou se foi mesmo o fim do ciclo de queda do juro básico.
Caso a ata falhe em lançar pistas sobre os próximos passos, todos os ouvidos estarão voltados à participação do diretor do BC, Gabriel Galípolo, em evento a partir das 10h. Mas, mais do que as justificativas e sinalizações, os investidores querem saber o que pensa o provável sucessor de Roberto Campos Neto no comando do BC para 2025 e além.
Ou seja, por mais que os quatro diretores indicados pelo presidente Lula tenham aderido à unanimidade, isso não significa que não haja divergência entre os membros do Copom na visão sobre a condução futura das taxas de juros. Daí porque até mesmo uma retomada do ciclo de cortes no curto prazo não está totalmente descartada.
Ainda mais se o Federal Reserve começar mesmo a cortar os juros dos Estados Unidos em algum momento do segundo semestre - provavelmente em setembro. Afinal, o foco concentrado nas questões locais, em especial nos ruídos políticos, ao longo deste primeiro semestre deve-se à inércia do Fed há um ano, mantendo a taxa no maior nível desde 2001.
Mercado fura-bolha
Aliás, o rali da Inteligência Artificial, que definiu o rumo das bolsas de Nova York em 2024, começou a dar os primeiros sinais de perda de tração. Ontem, as ações da Nvidia (NASDAQ:NVDA) caíram pelo terceiro dia seguido, após a fabricante de chips se tornar a empresa mais valiosa do mundo, superando a Apple (NASDAQ:AAPL) e a Microsoft (NASDAQ:MSFT) em um curto intervalo de tempo.
O movimento levanta suspeitas sobre uma correção mais forte no mercado acionário americano, o que pode, enfim, beneficiar os emergentes. Também não são de hoje os alertas de que a disparada da Nvidia, tida como a empresa que está na vanguarda da evolução da IA, aponta, na verdade, para mais uma bolha especulativa.
Falando nisso, também é difícil sustentar a leitura do mercado - pouco convincente, mas muito convencida - de que o placar unânime do Copom foi para proteger o dólar e os juros futuros. Alguém aí se deu conta de que se os outros cinco diretores não tivessem mudado o voto, a Selic teria caído 0,25 ponto?