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Usinas Aproveitam o Dólar Mais Forte

Publicado 02.09.2013, 11:13
MAR
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O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana praticamente inalterado com ligeira depreciação no primeiro mês de vencimento, o outubro/2013, que cravou 16,34 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de apenas 13 pontos (3 dólares por tonelada) em relação à sexta-feira passada. Outros meses de vencimento fecharam entre inalterado até 11 pontos de queda (2,50 dólares por tonelada). Nada acontecendo de interesse no mercado físico.

Muitas usinas já teriam um alto percentual de vendas de açúcar para exportação fixado para a próxima safra (2014/2015) bem acima do que seria normal para essa época do ano. O modelo da Archer para a safra 2014/2015 ainda não foi parametrizado e em breve vamos divulgar nosso primeiro levantamento. No entanto, comenta-se no mercado que as empresas mais conscientes na gestão de risco e que possuem conta junto às corretoras internacionais para operações de hedge com futuros e opções, teriam aproveitado e já fixado entre 15-25% do seu volume previsto para o ano que vem.

Isso mostra duas coisas: o real mais fraco tem impulsionado as empresas a proteger a commodity, esperando a contínua elevação do dólar frente ao real para travar o câmbio mais tarde, ou ainda, muito menos arriscado, tem feito NDF (contrato a termo em dólar para liquidação futura) com vencimentos coincidentes com os do contrato futuro. A rentabilidade, como temos comentado aqui, tem sido muito boa. Usando a média do s fechamentos dos meses da 2014/2015 (maio, julho e outubro de 2014 e março de 2015), com a curva de dólar, temos uma média de R$ 42,23 por saca posto usina. As melhores e mais eficientes usinas tem um custo de produção próximo dos R$ 30/tonelada posto usina.

O que está ainda bastante descolado dos preços de exportação é o mercado interno de açúcar que deveria começar a encostar em NY, ou seja, subir. A correlação entre os dois mercados (NY e ESALQ) é pequena. Nesta safra o coeficiente de aderência (quanto mais próximo de 1, maior a correlação entre eles) é de 0,4355, o que é muito ruim. Essa correlação já foi de 0,8975 no período de maio de 2010 a maio de 2011. Com mais anidro sendo produzido, o mercado de açúcar branco deve ser afetado e começar a refletir nos preços internos.

Paradoxalmente a um mercado internacional que continua a cair em centavos de dólar por libra-peso as usinas estão felizes com o dólar mais forte que melhora a fixação das vendas na exportação resultando em mais reais por tonelada. Atingimos o pico em reais há duas semanas a R$ 929 por tonelada, acima da média do ano de R$ 838,56/tonelada e da média da safra (contando a partir de abril) de R$ 834,84/tonelada.

As exportações de açúcar do Brasil alcançaram 28.447.728 toneladas no acumulado de 12 meses (agosto de 2012 até julho de 2013), arrecadando US$ 13,66 bilhões com preço médio de 480,19 dólares por tonelada. As exportações de etanol no acumulado de 12 meses atingiram 3,48 bilhões de litros arrecadando US$ 2,343 bilhões. O volume acumulado de exportação de açúcar nos doze meses acumulados é um dos maiores da história.

A UNICA divulgou na semana passada o número de moagem do Centro-Sul até a segunda quinzena de agosto: 315,1 milhões de toneladas. Fazendo o mesmo exercício que fizemos anteriormente, tomando por base o percentual acumulado das últimas cinco safras para esse mesmo período, temos a média de 54,39% da safra correspondente, com a máxima de 60,70% ocorrida na safra 2010/11 e a mínima de 48,39% ocorrida na 2008/09. Tirando os extremos e aplicando a projeção de moagem para esta safra, chegamos em 580 milhões de toneladas. A estimativa de safra da Archer divulgada em 4 de junho foi de 578 milhões de toneladas.

Os fundos não-indexados aumentaram suas posições vendidas a descoberto. Agora possuem 60.000 lotes vendidos, ou o equivalente a 3 milhões de toneladas. Enquanto isso, a volatilidade das opções negocia a inacreditáveis 16.4% anualizados. Só para o leitor ter uma ideia do que isso representa, a média de volatilidade do mercado dos últimos dois anos alcançou 26%. Para se proteger de variações do mercado para 3 meses usando como preço de exercício o mais próximo do mercado (opção no dinheiro), o prêmio custava em média 20 dólares por tonelada, hoje custa 13 dólares por tonelada. Evidente que as usinas que usavam opções para agregar valor na fixação de preços, perdem com a volatilidade menor. Por outro lado, os consumidores industriais tem excelente oportunidade para comprar seguro de preço.

Uma vez mais o Rabobank promoveu seu seminário anual sobre açúcar e etanol (em sua décima quinta edição). Sem dúvida, passou a ser um daqueles eventos imperdíveis do setor, com palestrantes de elevado nível e temas apropriados para o momento do setor. O banco acredita que no próximo ano (eles consideram outubro/2013 até setembro/2014) o preço do açúcar no mercado internacional deverá ficar entre os níveis de 15,50 e 17,50 centavos de dólar por libra peso. Vale lembrar que no seminário do ano passado, ocorrido em 12 de setembro, a previsão do banco era de um preço médio de 19 centavos de dólar por libra peso para o período (outubro/2012 até setembro/2013) que dadas as condições cambiais da época equivalia a R$ 917,20 por tonelada FOB equivalente (o cálculo é nosso).

O valor efetivo do período (de 1º de outubro de 2012 até hoje) acabou sendo R$ 863,00, ou seja, uma previsão bem acertada (erro menor que 6%). O momento de humor e descontração nas ótimas apresentações do evento su cedeu quando ao ser perguntado o que seria preciso para que NY alcançasse novamente os 30 centavos de dólar por libra peso, o executivo do banco disparou: "se cada chinês tomasse uma Coca-Cola por dia, que tivesse açúcar em sua composição, não HFCS". Só assim mesmo.

Na quinta-feira passada, sete projetos de fornecimento de energia provenientes de biomassa foram arrematados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica para garantir o abastecimento do sistema a partir de 1º de janeiro de 2018. O preço médio negociado no leilão foi de R$ 135,58 por megawatt/hora para um total de 347 MW.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que “o pior da crise já passou”. O que significa dizer o seguinte: a situação econômica vai piorar ainda mais. Um país que teve ministros da Fazenda com a envergadura de Delfim Neto, Roberto Campos, Pedro Malan e Mário Henrique Simonsen, ao se ver com Mantega, equivale a um time de futebol que depois de Pelé e Coutinho agora bate palmas pro Cafuringa. Deus nos livre.

Anote na sua agenda: a Archer promove dias 26, 27 e 28 de novembro o I Curso de Logística em Commodities, em São Paulo no Hotel Central Park Jardins, das 19:00 às 22:30 horas, ministrado por Antonio Petzold, profissional do mercado com muitos anos experiência na área. Mais informações pelo email priscilla@archerconsulting.com.br

Uma boa semana para todos!

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