Índices americanos renovam recordes enquanto por aqui o risco doméstico mantém o Ibovespa patinando.
A PEC dos Precatórios foi aprovada em primeiro turno na semana passada com um placar apertado, após o Presidente da Câmara fazer algumas concessões no regulamento da votação presencial em busca de favorecer o placar da votação.
Apesar de ter sido aprovada em primeiro turno, a legalidade da votação foi questionada no STF devido à infrações no regulamento.
A judicialização da PEC, além da suspensão das Emendas do Relator feita por Rosa Weber (STF) na sexta feira, levantaram dúvidas sobre a aprovação da PEC dos Precatórios.
As Emendas foram suspensas até que o plenário da Corte se pronuncie sobre o caso, o que está marcado para hoje. O placar está em 4 a zero
Hoje também acontece a votação dos destaques da PEC (9hs) e em seguida acontecerá a votação da PEC em segundo turno.
Líderes governistas e aliados não quiseram esperar pelo julgamento da liminar de Rosa Weber, confiando que o plenário do STF não sancionará a decisão de suspender o pagamento das emendas de relator.
O Presidente da Câmara negocia voto a voto, para garantir a vitória do Governo e viabilizar o Auxílio Brasil, aumentando o espaço no teto dos gastos.
Apesar da dissidência de alguns deputados, o Planalto acredita na aprovação da PEC hoje em segundo turno, já que 50 deputados que faltaram na votação da semana passada devem comparecer e reforçar o placar a favor do Governo.
Apesar de muito controversa, a PEC dos Precatórios hoje é vista pelo mercado como a solução “menos pior” para financiar o Auxílio Brasil, pois apesar de aumentar o teto dos gastos, pelo menos manteria um teto.
Caso a PEC não seja aprovada, o Governo pode lançar mão da prorrogação do estado de calamidade para aprovar a prorrogação do Auxílio Brasil, o que seria um tiro no escuro e poderia elevar ainda mais os gastos públicos.
Além disso, na iminência de um ano eleitoral, já se descarta a votação da Reforma Administrativa e do IR no próximo ano, o que posterga a organização do orçamento e agrava a situação fiscal do país.
A indefinição sobre o desfecho da PEC dos Precatórios e as incertezas sobre o orçamento/22 mantém o mercado na defensiva e muitos ativos continuam abaixo do “preço justo”.
Apesar da temporada de balanços do 3TRI mostrar uma desaceleração de alguns setores, a maioria das empresas vem divulgando balanços muito positivos.
Neste cenário de fiscal pressionado e inflação em alta, os setores de consumo & varejo e construção civil deverão ser os mais afetados no próximo ano. Em contrapartida, a alta do dólar favorece as empresas exportadoras já que a deterioração no câmbio não é descartada, mesmo com o aperto maior na Selic no horizonte.
E por falar em exportadoras, o Minério de Ferro segue em baixa, pressionado pela crise do setor imobiliário chinês. A pressão sobre os preços, no entanto, não deve permanecer por muito tempo, já que existe a previsão do aumento de produção do setor automotivo, quando houver a normalização da produção dos semicondutores, além das obras de infraestrutura, sobretudo após a aprovação do pacote de investimentos americano trilionário.
O Petróleo, por sua vez, continua em alta, após a publicação da balança comercial chinesa mostrando o aquecimento das exportações. Além disso, a Saudi Aramco (SE:2222) anunciou que elevará seus preços em dezembro, o que deu um novo fôlego para a commoditiy.
O resultado do Banco do Brasil (SA:BBAS3) publicado ontem surpreendeu positivamente. O salto no lucro do 3TRI (+47,6%) foi o maior entre os grandes bancos listados.
O mercado segue monitorando os riscos domésticos, que mantém o Ibovespa pressionado, embora tenha encontrado um suporte na região dos 102 mil pontos. O dólar em alta evidencia o stress do mercado, que deve permanecer até que haja uma definição da PEC dos Precatórios e do orçamento/22.
Hoje acontece a votação dos destaques da PEC e em seguida a votação em segundo turno na Câmara, e se aprovada, precisa passar pela aprovação em 2 turnos no Senado. Simultaneamente acontece a votação sobre a suspensão das Emendas Parlamentares no STF. Fique de olho.