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Ilan Goldfajn Ancora Expectativas

Publicado 18.07.2016, 11:08
PBR
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“Se a política fiscal ajudar, os custos da política monetária serão menores”. Ilan Goldfajn

Uma das boas coisas deste governo interino Michel Temer foi a formação da equipe econômica. Sem dúvida. Os melhores quadros foram chamados, no que muitos já chamam de dream team. Tanto na Fazenda, como no BACEN, nos bancos públicos, no BNDES, na Petrobras (SA:PETR4), em outras empresas públicas estratégicas os melhores nomes acabaram escalados.

Passados dois meses de governo, no entanto, o que se observa é que a evolução do ajuste fiscal segue num ritmo mais lento do que o esperado, dadas as complicações políticas na aprovação de medidas fiscais mais urgentes, polêmicas (ou impopulares). Já a agenda de medidas de curto prazo segue no aguardo de um tempo político mais propício. Diante disto, é inevitável a atuação mais cautelosa do BACEN, sinalizando manter a taxa de juros em patamar elevado por um tempo mais prolongado. Tem-se aqui um afinado discurso entre Fazenda e BACEN, uma maior coordenação de expectativas ou complementaridade de atuações. A ordem é atuar pelo lado da demanda com cuidado, visando, pelo BACEN, uma “sintonia fina” no monitoramento do consumo das famílias, na Fazenda, no consumo do governo. Na opinião dos economistas norte-americanos, Thomas Sargent e Neil Wallace isto precisa ficar bem claro. Para eles, “é essencial que haja coordenação entre as políticas monetária e fiscal. Para conduzir um bem sucedido programa de combate à inflação, o BACEN precisa de apoio da política fiscal.”

Nas últimas semanas Ilan Godfajn, presidente do BACEN, sinalizou que deve perseguir o centro da meta em 2017, mas para isto será importante que o ajuste fiscal seja mais célere, visando melhorar as expectativas dos agentes, o que, de certa forma, contribuiria para a retomada do consumo e da produção, da arrecadação e daí da melhoria do resultado fiscal. Teríamos aqui então um ciclo virtuoso, com a confiança retornando e a economia voltando a crescer.

Soma-se a isto, Ilan voltou a falar na necessidade de autonomia operacional para o BACEN, um meio caminho para a sua independência, assim como não descartou um debate sobre o nível atual das reservas cambiais, hoje em US$ 370 bilhões, para muitos, excessivo. Ou seja, haveria espaço para um volume de reservas bem menor do que este, em torno de US$ 200 bilhões. Outro ponto importante foi resgatar o chamado “tripé de política econômica”, com o sistema de metas, a responsabilidade fiscal e o regime de câmbio flutuante. Neste último, deixou no ar a possibilidade de atuar neste front com mais parcimônia, o que acabou sendo interpretado como uma atuação mais passiva, deixando o câmbio se valorizar mais, visando reduzir a inflação.

Com isto, o “piso cambial”, na época de Alexandre Tombini, em torno de R$ 3,50, foi recuando a R$ 3,20, não sendo surpresa se cair ainda mais a R$ 3,00, passada a aprovação do impeachment da presidente Dilma em fins de agosto. Uma interpretação, no entanto, é de que Ilan estaria deixando o câmbio oscilar, intervindo quando necessário, até o mercado achar a sua cotação de equilíbrio. Importante também estar atento aos movimentos do Fed, muito provavelmente deixando para elevar o juro ao final deste ano ou no início do próximo. Lembremos que Janet Yellen vem assumindo uma política monetária mais gradualista, de olho não só na inflação, mas também no pleno emprego e no ritmo da economia. Isto, aliás, é uma observação importante a ser feita. Por lá, são três as metas ou objetivos a serem perseguidos, não explícitos em alguns casos: a melhoria do mercado de trabalho, o crescimento mais equilibrado da economia e a inflação dentro da meta de 2%. No Brasil, o objetivo se restringe ao sistema de metas de inflação, ou seja, a estabilização dos preços.

Sobre esta, uma boa notícia foi o IPCA de junho, recuando a 0,35%, depois de registrar 0,78% em abril. Em 12 meses, passou de 9,32% a 8,84%.

Basicamente, este recuo se deu em função da fraca atividade, com as famílias reduzindo o consumo, derrubando os preços dos itens educação, vestuário, artigos de residência e transportes. Foi possível também pelo recuo dos serviços, passando, em 12 meses, de 7,5% para 7,0% e dos monitorados de 10,9% para 9,9%. A pressão dos alimentos in natura também foi menor. Não dá, no entanto, para ser muito otimista sobre julho dadas as pressões na safra do feijão e no fornecimento do leite, responsáveis por 60% do índice em junho. Outra boa notícia, talvez refletindo a economia desaquecida, veio do índice de difusão, que passou de 63,3% em maio para 56,2% em junho, mostrando um menor espalhamento pelos itens da cesta básica. Em suma, a demanda mais fraca acabou derrubando os preços por estes meses e parece pouco provável um recrudescimento nos próximos, até porque a capacidade ociosa da indústria se encontra elevada e o câmbio, como dito, se valorizou por estes dias.

Chega-se então ao ponto no qual o BACEN de Ilan Goldfajn, acertadamente, se mostrou mais duro na sua retórica de balizamento de juro e contra a inflação, já objetivando ancorar as expectativas, até porque no cenário fiscal as incertezas seguem intensas.

Perspectivas. Por este viés, já achamos possível os IPCs fecharem o ano mais próximos a 7% e os IGPs em torno de 9%, depois de 12% por estes meses. Além disso, a taxa Selic deve se manter em 14,25% até outubro, sendo reduzida então até 13,50% ao fim deste ano.

Para 2017, o IPCA deve recuar a 5,4%, ainda fora do centro da meta, e a taxa Selic recuar a 12,5%. Sobre a taxa de câmbio difícil dizer algo neste momento, dada a perspectiva de grande volume de ingressos externos esperado para depois do impeachment. Acreditamos que por estes meses o intervalo da cotação deve se manter entre R$ 3,20 e R$ 3,40, mas não descartamos cair abaixo de R$ 3,00 ao fim do ano.

Entre os anos de 2018 a 2020 achamos que a inflação deve chegar ao centro da meta de 4,5% e neste patamar se manter, um pouco acima ou abaixo, desde que acompanhando os avanços dos movimentos de preços relativos da economia. O ano de 2018 talvez acabe um pouco “fora da curva” em função de uma possível frouxidão fiscal pela proximidade das eleições. Ao fim de 2020, no entanto, acreditamos na inflação em 4%, a taxa Selic em 9,5% e o juro real em torno de 5,3%.

COMPORTAMENTO DA INFLAÇÃO, EM 12 MESES, ATÉ DEZEMBRO

Ancorando Expectativas

COMPORTAMENTO DA TAXA DE JUROS SELIC, INFLAÇÃO E TAXA REAL

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