SÃO PAULO (Reuters) - As chamadas "ABCDs", quatro tradicionais companhias de trading do agronegócio global (ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus) anunciaram nesta quinta-feira uma parceria para digitalizar o comércio global das commodities, visando mais eficiência e redução de custos, de acordo com comunicado conjunto.
"Impulsionadas por oportunidades para aumentar a transparência e a eficiência para os clientes, as empresas globais do agronegócio estão se voltando para tecnologias digitais emergentes --dentre as quais opções de 'blockchain' e inteligência artificial-- para reduzir processos associados à cadeia global de valor das commodities agrícolas que consomem muitos recursos e tempo", disseram as empresas.
A iniciativa foi lançada em momento em que as tradicionais empresas de negociação de commodities agrícolas enfrentam concorrência crescente de outros players, especialmente da China, em um negócio em que as margens são geralmente pequenas apesar de envolverem grandes volumes.
Segundo a nota, as quatro empresas estão investigando formas de padronizar e digitalizar operações de embarques agrícolas globais para o benefício de toda a indústria.
"As empresas também buscam ampla participação da indústria para promover o acesso e a adoção global", afirmaram.
Inicialmente, a ADM, a Bunge, a Cargill e a Dreyfus estão focadas em tecnologias para automatizar os processos de grãos e oleaginosas, "pois representam uma parte altamente manual e custosa da cadeia de suprimentos, com a indústria gastando quantias significativas de dinheiro todos os anos ao redor do mundo".
"A eliminação de ineficiências levaria à redução dos tempos de processamento de documentos e de espera, e a uma visibilidade melhor da contratação de ponta a ponta", afirmaram em comunicado.
A longo prazo, as empresas querem aumentar a confiabilidade, a eficiência e a transparência ao substituir outros processos manuais baseados em papel como contratos, faturas e pagamentos, com uma abordagem mais moderna e baseada em dados digitais.
"Ao trabalharmos juntos para projetar e implementar uma transformação digital, reuniremos centenas de anos de conhecimentos e experiências coletivos para simplificar processos e reduzir erros para o benefício de todo o setor", disse Juan Luciano, chairman e CEO da ADM, em nota.
Soren Schroder, CEO da Bunge, disse esperar que tal iniciativa seja capaz de acelerar as melhorias na gestão de dados e nos processos de negócios e de trazer a automação necessária para o setor.
"Os agricultores e nossos clientes esperam que ofereçamos inovações que os tornem mais eficientes, eficazes e rentáveis. Abraçamos isso como oportunidade para atender melhor o setor e para estimular a inovação por meio de novos produtos, processos e parcerias", ressaltou David MacLennan, chairman e CEO da Cargill.
Ian McIntosh, CEO da Dreyfus, lembrou que em janeiro deste ano a companhia concluiu a primeira operação de commodities agrícolas por meio do "blockchain", o que demonstrou a capacidade da tecnologia de gerar eficiências e reduzir o tempo normalmente gasto no processamento manual de documentos e dados.
"Ao trabalhar com o setor na adoção de dados e processos padronizados, podemos realmente tirar proveito de todo o potencial das tecnologias emergentes para melhorar o comércio global."
(Por Roberto Samora)