SÃO PAULO (Reuters) - As importações de milho da Argentina pelo Brasil deverão atingir neste ano pelo menos 700 mil toneladas, estimou nesta quinta-feira a consultoria Agroconsult, com os criadores de aves e suínos brasileiros buscando alternativas para um mercado apertado da matéria-prima e preços altos, após grandes exportações do cereal nos últimos meses.
Se esse volume previsto for confirmado, será a maior importação de milho argentino pelo Brasil desde o ano 2000, quando os brasileiros buscaram na Argentina 1,5 milhão de toneladas, de acordo com dados do governo brasileiro.
Volumes tão grandes de importação são atípicos. Nos últimos anos as compras externas do Brasil não superaram 1 milhão de toneladas de todas as origens. Mas neste ano a Argentina está com mais força no mercado internacional após recente mudança de políticas e tributos pelo novo governo argentino.
Segundo o diretor da Agroconsult, André Pessôa, das 700 mil toneladas, 100 mil devem desembarcar no país em abril.
A Reuters informou ao final de março que o Brasil fechou uma série de importações de milho, diante de preços recordes no mercado local. O cereal é cotado em torno de 50 reais a saca na importante praça de Campinas (SP).
Pessôa disse esperar preços sustentados do milho ao longo do ano, especialmente porque os produtores já venderam antecipadamente boa parte da segunda safra brasileira, que é a maior e promete trazer um pouco de alívio à oferta.
Diante dos custos em alta, a consultoria avalia que a produção de aves será deficitária pelo quinto mês consecutivo.
(Por Natália Scalzaretto)