Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revisou a previsão para a produção de petróleo no Brasil para 4 milhões de barris de petróleo entre 2025 e 2026, ante estimativa anterior de 4,5 milhões de barris/dia em 2022, afirmou a diretora-geral, Magda Chambriard, nesta quarta-feira.
O cenário de preços baixos do barril de petróleo está levando as petroleiras a refazer os cronogramas de seus projetos, priorizando os ativos mais lucrativos, o que trará impactos para a produção no longo prazo, segundo a executiva.
"Por força da redução do preço do petróleo, o capital de giro das empresas, em geral, sejam elas pequenas, médias ou grandes, foi reduzido", afirmou Magda em um evento da Organização Nacional da Indústria de Petróleo (Onip).
Outro efeito do cenário de preços, segundo ela, foi o fraco resultado da 13ª Rodada de Licitações de Blocos Exploratórios de óleo e gás da ANP, na semana passada, que teve 37 blocos arrematados entre 266 ofertados.
Entretanto, Magda afirmou que foi importante o papel desempenhado por pequenas e médias empresas brasileiras no leilão, marcado pela ausência da Petrobras (SA:PETR4) e de gigantes do setor. Ela também reforçou que a ANP prevê crescimento do setor de óleo e gás no Brasil ao longo dos próximos anos.
"A ANP continua enxergando o desenvolvimento de recursos já descobertos e continua enxergando aumento da produção do país nos anos a seguir, a mensagem é de continuidade, perseverança."
DISCUSSÕES SOBRE O PRÉ-SAL
A agência reguladora aprovou o acordo de individualização da produção (AIP) entre o campo de Tartaruga Verde, regido por um contrato de concessão no pós-sal da Bacia de Campos, e uma área não licitada que está dentro do chamado polígono do pré-sal, regida pela lei de partilha, segundo uma ata divulgada na terça-feira.
O AIP foi necessário porque o campo de Tartaruga Verde, operado pela Petrobras sob regime de concessão, compartilha uma jazida de petróleo com o polígono. No acordo, ficou definido qual o percentual da jazida explorada que pertencerá ao contrato de concessão e qual o que pertencerá ao regime de partilha.
A diretora-geral da ANP disse nesta quarta-feira que em casos como o de Tartaruga Verde, quando a parcela da jazida que está no polígono do pré-sal é pequena, a agência reguladora sugerirá que ela não seja licitada e sim cedida diretamente para a Petrobras. Ambas as possibilidades estão previstas na Lei de Partilha de Produção.
"Imagino que quando uma área (que avança para os limites do polígono do pré-sal) é muito grande essa dúvida existe, mas quando essa área é menorzinha será difícil que arranje investidores para participar de licitação", afirmou, destacando que o primeiro acordo, de muitos outros que virão, trouxe um aprendizado para empresas e autoridades envolvidas.