DUBAI/KHOBAR Arábia Saudita (Reuters) - A Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo, vai redefinir sua presença no mercado global de energia não só como um gigante na extração de óleo bruto mas também com maior presença nas bombas de combustíveis, graças a duas novas refinarias.
Duas unidades de alto padrão darão aos sauditas capacidade adicional de refino de 800 mil barris por dia (bpd) em 2015, como parte de um plano ambicioso de investimentos em processamento e distribuição que deverá elevar a capacidade de refino do país para 8 milhões de bpd dentro de uma década.
Embora boa parte deste volume seja destinado a abastecer a economia doméstica, em rápida expansão, com a maior parte do volume adicional sendo consumido internamente dentro de 15 a 20 anos, por ora a Arábia Saudita irá tornar-se um grande exportador de produtos refinados de petróleo, como gasolina, diesel e combustível de aviação.
"Há claramente um rearranjo no país à medida que ele se torna um grande player do refino e na distribuição. Embora os sauditas possam perder fatia nas exportações petróleo bruto, eles irão ganhar com um aumento na exportação de derivados nos próximos anos", disse Yasser Elguindi, da Medley Advisors.
As exportações de petróleo do principal membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) têm registrado queda nos últimos meses, para o menor volume em quase três anos.
A estatal Saudi Aramco e subsidiárias detêm, ou têm participação acionária em, refinarias no país e no mundo com uma capacidade total de processar 4,9 milhões de bpd. Levando-se em conta a fatia correspondente à Arábia Saudita, o país é dono de 2,6 milhões de bpd em capacidade, fazendo dele o sexto maior em refino no mundo.
No país, um refinaria de 400 mil bpd, conhecida como Satorp, em Jubail, alcançou capacidade total em meados de 2014. Outra unidade de 400 mil bpd, a refinaria Yasref, em Yanbu, começou a produzir em caráter de testes em setembro, com a primeira exportação prevista para dezembro.
O presidente-executivo da Aramco, Khaled al-Falih, disse em maio que os investimentos da empresa em refino poderiam ultrapassar 100 bilhões de dólares na próxima década. Mercados de rápido crescimento na Ásia e no Oriente Médio "farão de nós um dos maiores players do mercado de refino no planeta, em volume", disse o executivo na época.
A companhia já estabeleceu escritórios na Europa e em Cingapura para vender mais derivados de petróleo, disseram fontes do mercado.
"Uma coisa que penso ser muito certa é que veremos, nos próximos 3 a 5 anos, uma mudança das exportação da Arábia Saudita, reduzindo petróleo bruto e aumentando derivados", disse Bob McNally, consultor da Casa Branca no governo do presidente norte-americano George W. Bush, e que agora é presidente da consultoria Rapidan Group, especializada em energia.
(Por Rania El Gamal e Reem Shamseddine; reportagem adicional de Jessica Jaganathan em Cingapura e Ron Bousso, em Londres)