SÃO PAULO (Reuters) - As áreas de café e cana-de-açúcar do cinturão produtor do Sudeste brasileiro deverão continuar secas em sua maioria nos próximos 15 dias, e só depois disso receberão níveis normais de precipitações, ao final de outubro, disseram meteorologistas nesta segunda-feira.
Os contratos futuros do açúcar e do café, negociados na bolsa de Nova York, tiveram forte alta nesta segunda-feira, em meio a preocupações sobre a previsão climática para as regiões produtoras nas próximas duas semanas e seus impactos para a safra de 2015.
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar e café.
As temperaturas esfriaram nas principais regiões de cultivo de café e de cana do país, em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, durante a semana passada, devido a uma frente fria que trouxe um pouco de umidade isolada para a região, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
"Nós não estamos prevendo chuva em São Paulo ou Minas Gerais na maior parte desta semana. Haverá alguma chuva no sul de Minas na quarta-feira, mas ela vai ser isolada", afirmou a meteorologista Elena Turon Balbino, do Inmet, vinculado ao Ministério da Agricultura.
Ela disse que uma massa de ar seco e quente está sobre a principal região de cana e café, impedindo por ora a chegada de chuvas mais generalizadas.
"Esta massa está se movendo lentamente para o oceano e esperamos que as chuvas da primavera voltem, vemos precipitação normal a partir do final de outubro", disse Elena.
Previsões da norte-americana Commodity Weather Group também indicam duas semanas de clima mais seco do que média sobre a região do café.
A companhia de insumos agrícolas Syngenta também disse em sua análise climática a clientes que as chuvas no centro-sul permaneceriam irregulares na primeira quinzena de outubro, mas acrescentou que espera que padrões normais de precipitação retornem antes de novembro.
Na maior parte do cinturão do café, as floradas não vão ocorrer até que as chuvas retornem nas próximas semanas. O tamanho da floração vai definir o potencial produtivo da safra 2015.
A colheita de cana atual está em suas últimas semanas, com algumas usinas já tendo encerrado a temporada de moagem, contando com o tempo mais seco ao longo do ano.
A severa seca no primeiro trimestre de 2014, num período que deveria ser mais chuvoso, atingiu o cinturão de café e cana, afetando mais de 10 por cento da produção de ambas as culturas.
Os mercados continuam acompanhando o retorno das chuvas para a região, que definirão o cenário para a colheita das duas safras do ano que vem.
(Reportagem de Reese Ewing)