BUENOS AIRES (Reuters) - O governo argentino limitou nesta sexta-feira o volume de milho e trigo da temporada de 2021/22 que pode ser exportado em 41,6 milhões e 12,5 milhões de toneladas, respectivamente, medida que visa evitar que a escassez interna de cereais aumente o valor dos alimentos, em meio à alta da inflação.
A Argentina é o segundo maior exportador mundial de milho e um importante fornecedor global de trigo.
"As Declarações de Vendas Externas (DJVE) (de milho e trigo) a serem registradas não podem ultrapassar os (novos) volumes de equilíbrio" estabelecidos pelo governo, disse uma resolução do Ministério da Agricultura publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial.
Julián Domínguez, ministro da Agricultura, destacou que os 'volumes de equilíbrio' de 21/22 são de 41,6 milhões de toneladas para o milho e 12,5 milhões de toneladas para o trigo, em comunicado da pasta.
"Para que não comprometam o abastecimento do mercado interno", explicou.
Na temporada de 2020/21, o DJVE total para o milho foi de 39,8 milhões de toneladas e 11,2 milhões de toneladas para trigo.
De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o país produziu nesse ciclo 52,5 milhões de toneladas de milho e 17 milhões de toneladas de trigo.
Até quarta-feira, os agroexportadores haviam feito um DJVE para o milho 21/22 de 15,5 milhões de toneladas e 9,1 milhões de toneladas no caso do trigo 21/22, segundo dados oficiais.
Enquanto isso, os agricultores argentinos estão plantando milho e colhendo trigo para a safra 2021/22.
A Bolsa de Cereais de Buenos Aires espera que o país tenha safras recordes de ambos os cereais em 2022, que atingiriam 57 e 21 milhões de toneladas, respectivamente.
A Argentina enfrenta uma inflação anual de mais de 50%, impulsionada em grande parte pelos valores domésticos dos alimentos, que também são sua principal commodity de exportação.
Na tentativa de reduzir a inflação, o governo de centro-esquerda aplicou algumas regulamentações aos mercados agrícolas, que foram rejeitadas pelo poderoso setor rural.
Por sua vez, a Sociedade Rural Argentina (SRA) afirmou em nota que a medida do governo Fernández vai gerar um excesso de oferta artificial, o que desestimula a produção desses cereais.
"As autorregulamentações formais ou informais (...) ou esta cota para o trigo e o milho prejudicam o país e prejudicam a todos nós", afirmou Nicolás Pino, presidente da SRA, segundo o comunicado.
(Reportagem de Nicolás Misculin)