Por Maximilian Heath
BUENOS AIRES (Reuters) - O governo da Argentina está preparando um programa do setor agrícola para os próximos dois anos que será apresentado aos produtores na próxima semana, disseram autoridades nesta quinta-feira, na esperança de amenizar os conflitos com o setor sobre limites às exportações de carne e grãos.
O país sul-americano, maior exportador global de soja processada, o segundo em milho e um dos cinco maiores produtores de carne bovina, sofreu protestos regulares do setor agrícola e dos trabalhadores no último ano, o que afetou a produção e os embarques em algumas ocasiões.
Um teto temporário imposto às exportações de milho no início do ano, ameaças de aumentar os impostos sobre os embarques de trigo e um limite restrito às exportações de carne bovina para conter a inflação alimentaram as tensões no setor, principal impulsionador das exportações e ampla fonte de moeda estrangeira, muito necessária, na nação sul-americana.
Gabriela Cerrutti, porta-voz da presidência, disse em entrevista coletiva que equipes técnicas do governo e da indústria se reunirão antes que o ministro da Agricultura, Julián Domínguez, compartilhe a proposta com líderes agrícolas na próxima quinta-feira.
"O que ele vai apresentar é o plano 2022/23 para todo o setor, para o milho, para o trigo e para as carnes", disse Cerrutti, acrescentando que "todas as medidas serão discutidas em tempo hábil, em primeiro lugar com o setor".
O governo peronista da Argentina enfrenta um difícil ato de equilíbrio tentando evitar que os agricultores se revoltem ao mesmo tempo em que atende às demandas dos consumidores por alimentos acessíveis em meio a uma inflação anual de mais de 50%.