SOCHI, Rússia (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta segunda-feira um acordo de "parceria estratégica" com a Abkházia, uma região separatista da Geórgia, irritando a capital, Tbilisi, que disse que Moscou pretendia anexar o território.
O acordo atraiu fortes críticas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse em comunicado que "o chamado tratado" não contribui para uma solução pacífica e duradoura da situação na Geórgia e que a aliança ocidental não irá reconhecê-lo.
A chefe de Política Externa da UE, Federica Mogherini, afirmou em um comunicado que o acordo violou a soberania e a integridade territorial da Geórgia e era "prejudicial para os esforços em curso para estabilizar a situação de segurança na região".
Rússia e Geórgia travaram uma guerra em 2008 pela Abkházia e a Ossétia do Sul, provocando a pior crise entre Moscou e o Ocidente desde a queda da União Soviética.
Depois da guerra, Moscou reconheceu a Abkházia e a Ossétia do Sul como Estados independentes. A decisão desta segunda-feira ocorreu apenas sete meses depois de a Rússia anexar a região ucraniana da Crimeia e apoiar os separatistas que lutam no leste da Ucrânia.
Putin e o líder da Abkházia, Raul Khadzhimba, assinaram o acordo em Sochi, um resort russo no Mar Negro que faz fronteira com a região separatista da Geórgia.
A ministra das Relações Exteriores da Geórgia, Tamar Beruchashvili, denunciou a medida como "um passo em direção à anexação da Abkházia pela Federação Russa".
"A assinatura deste documento terá um impacto negativo sobre a situação da segurança nos territórios ocupados da Geórgia, bem como no contexto mais amplo da segurança europeia", disse ela, acrescentando que o acordo violava a integridade territorial da Geórgia.
Sob os termos do acordo desta segunda-feira, Putin disse que a Rússia irá conceder 5 bilhões de rublos (111,4 milhões de dólares) à Abkházia, cuja população de 240 mil pessoas compreende uma mistura de grupos étnicos.
O acordo, publicado no site do Kremlin, prevê um "espaço conjunto de segurança e defesa" e estipula "proteção (russa) da fronteira do Estado da República da Abkházia com a Geórgia".
A Rússia também deverá facilitar "de toda forma possível" o aumento das relações internacionais da Abkházia, além de promover o seu reconhecimento global.
O governo russo também deve facilitar os requisitos para que os residentes da Abkházia obtenham a cidadania russa, mas não manifestou planos para anexar o território.
O presidente georgiano, Georgy Margvelashvili, chamou o acordo de "absurdo e ilógico".
(Reportagem de Gabriela Baczynska, em Moscou, de Denis Dyomkin, em Sochi, de Margarita Antidze, em Tbilisi, e de Adrian Croft, em Bruxelas)