Real é a 7ª moeda que mais desvalorizou frente ao dólar em 2024

Publicado 01.12.2024, 20:18
© Reuters.  Real é a 7ª moeda que mais desvalorizou frente ao dólar em 2024
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O real foi a 7ª moeda que mais se desvalorizou em 2024 em comparação com o dólar. O câmbio brasileiro acumula queda de 20% de janeiro até esta 6ª feira (29.nov.2024), segundo o ranking enviado pela agência Austin Rating ao Poder360.

O Brasil não apareceu no top 5, mas só está melhor do que países com problemas econômicos –a exemplo da Etiópia e da Venezuela.

O real está tão desvalorizado quanto o peso da Argentina, país onde a inflação anualizada é de 193%.

O levantamento considera as variações da chamada ptax, taxa de referência do dólar americano em reais calculada pelo Banco Central. É diferente da cotação comercial, utilizada em transações (que registra uma desvalorização maior, de 23,7%).

DÓLAR BATE RECORDE

O dólar comercial terminou esta 6ª feira (29.nov) a R$ 6,001, o maior patamar de fechamento da história. O mercado reage ao pacote fiscal anunciado pela equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A maior dúvida é em relação à expectativa de economizar R$ 70 bilhões em 2 anos. Agentes financeiros dizem que o governo inflou a projeção.

Também chamou a atenção que o governo anunciou a isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 –medida que prejudica a arrecadação. Deve começar a valer só a partir de 2026. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a perda de dinheiro será compensada pelo aumento na cobrança das pessoas com renda superior a R$ 50.000, mas não deu detalhes suficientes.

Haddad disse no início da tarde que haverá “semanas difíceis” na economia por causa da alta no dólar. Apesar disso, ele afirmou esperar um alívio no futuro.

“Se você explicar o que você está fazendo, se for coerente com as suas ações, fará a reancoragem disso”, declarou o ministro no Almoço Anual dos Dirigentes de Bancos, em São Paulo.

O dólar havia fechado muito próximo dos R$ 6 na 5ª feira (28.nov), dia anterior ao patamar recorde. Foi cotado a R$ 5,99.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, disse que o movimento global é de alta no dólar, especialmente com a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. Segundo ele, um compromisso fiscal crível pelo governo ajudaria a frear a depreciação.

“Nada disso é suficiente para fazer frente a essa política fiscal expansionista, que tem preocupado muito o mercado. Principalmente com relação à sustentabilidade da dívida pública e não apenas com o cumprimento da meta fiscal”, declarou ao Poder360.

O PACOTE DE HADDAD

Haddad anunciou um teto para o reajuste do salário mínimo. Será de 2,5% acima do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 12 meses até novembro do ano anterior. É a medida mais crível do pacote. Antes, era com base na variação do PIB (Produto Interno Bruto) de 2 anos anteriores.

O objetivo central do pacote é equilibrar as contas públicas e cumprir as metas fiscais. O governo quer os gastos iguais às receitas em 2025 (espera-se um déficit zero). Nos anos seguintes, o alvo é terminar com as contas no azul. Na prática, é necessário aumentar a arrecadação e diminuir as despesas. Pouco foi feito pelo lado da 2ª opção, mesmo com o Lula 3 quase na metade.

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