(Reuters) - A Austrália reduziu a previsão para as exportações de carne bovina para a temporada 2016/17 em quase 7 por cento, com produtores freando o abate de gado à medida que buscam reconstruir rebanhos ante mínimas de 20 anos após três anos de seca.
Embarques do quarto maior exportador mundial de carne devem totalizar 1,025 milhão de toneladas na temporada, disse o Australian Bureau of Agriculture, Resource Economics and Rural Sciences (Abares), abaixo da previsão de junho de 1,1 milhão de toneladas e ante as 1,17 milhão de toneladas no ano anterior.
A Austrália vai dar aos países rivais na exportação de carne bovina a chance de ganhar participação de mercado em grandes consumidores como a China, onde uma classe média em rápida expansão está desenvolvendo gosto por bifes e hamburgueres.
A retração nas exportações australianas ocorrem no momento em que países da América do Sul, em especial o Brasil, buscam expandir as exportações para grandes mercados como a China.
Pela primeira vez em julho o Brasil se tornou o maior fornecedor de carne bovina para a China, enquanto as remessas australianas caíram em 45 por cento, mostraram dados do órgão industrial Meat and Livestock Australia.
Neste mês, o ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, esteve na Ásia em missão para ampliar as exportações brasileiras.
"O Brasil vai ser uma pedra grande no sapato deles (da Austrália)... China é mercado de preço, por conta da renda média do cidadão chinês. Considerando o valor da arroba bovina brasileira em dólar ante a arroba australiana em dólar, eles devem substituir a carne australiana pela brasileira", disse Lygia Pimentel, diretora da consultoria Agrifatto.
O Brasil é o maior exportador global de carne bovina.
(Por Colin Packham e Zoe Cooney; reportagem adicional de Roberto Samora)