BRASÍLIA (Reuters) - A Bolívia pretende vender o excedente de gás que não está sendo importado pela Petrobras (SA:PETR4) para outros clientes no Brasil, incluindo termelétricas, disse o ministro de Hidrocarbonetos do país andino, Luis Alberto Sánchez Fernández, após encontro com autoridades brasileiras, em Brasília.
Mais cedo nesta quarta-feira, a Petrobras informou à Reuters que reduziu a importação de gás natural da Bolívia para cerca de 45 por cento do volume máximo diário contratado com a estatal boliviana YPFB, devido à queda da demanda interna e ao aumento da oferta nacional.
Segundo o ministro boliviano, a importação da estatal brasileira pelo gasoduto Brasil-Bolívia caiu do volume histórico dos últimos anos de cerca de 30 milhões de metros cúbicos diários para cerca de 15 milhões de metros cúbicos por dia, recentemente, e por isso ele quer encontrar uma forma de negociar esse produto que a Petrobras não está demandando.
"Esses outros mercados são brasileiros também, como a térmica de Cuiabá e outros mercados no Mato Grosso", disse Fernández a jornalistas, após reunião no Ministério de Minas e Energia.
O ministro boliviano disse que no dia 15 de março haverá uma conversa com a Petrobras para tratar das projeções de consumo por parte da empresa, a fim de se apurar qual o excedente que poderá ser negociado.
Procurado, o Ministério de Minas e Energia informou por meio de sua assessoria que não vai se opor à venda do excedente de gás por parte da Bolívia e que dará o suporte necessário para as negociações.
Na resposta que deu mais cedo à Reuters, a Petrobras explicou que a queda nas importações reflete a redução conjuntural da demanda das termelétricas e do mercado industrial, somada ao aumento da oferta de gás nacional.
Com o fim do contrato da Petrobras com a Bolívia em dezembro de 2019, agentes de mercado têm se perguntado qual será a postura da empresa na contratação futura do gás boliviano, uma vez que a empresa está reduzindo sua participação neste mercado, vendendo ativos de gás e abrindo espaço para novos competidores.
Por outro lado, a produção de gás da Petrobras está crescendo, impulsionada pela extração do pré-sal.
Questionada sobre a renegociação do contrato com a Bolívia, a empresa afirmou apenas que "avaliará oportunamente os termos e as condições deste possível novo instrumento contratual".
(Por Leonardo Goy; com reportagem adicional de Marta Nogueira no Rio de Janeiro)