Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - As usinas do centro-sul do Brasil devem produzir 10 por cento menos açúcar na safra 2018/19, em meio a preços pouco atrativos para o adoçante e estímulos à fabricação de etanol, projetou nesta sexta-feira a INTL FCStone.
Conforme a consultoria, 42,4 por cento da oferta de cana será direcionada à fabricação de açúcar, resultando em produção de 32,4 milhões de toneladas.
"Enquanto os preços de gasolina mais elevados e o sistema de cotas e tributação sobre etanol importado dos Estados Unidos oferecem perspectivas positivas para os preços do biocombustível no Brasil, as cotações internacionais do açúcar bruto na Bolsa de Nova York têm oscilado próximo das mínimas dos últimos anos frente à perspectiva de superávit global do adoçante neste ano", explicou a INTL FCStone em relatório.
Com efeito, a consultoria prevê que a produção total de etanol no centro-sul em 2018/19 alcance 27,1 bilhões de litros, alta de 5,2 por cento na comparação com 2017/18, sendo 16,4 bilhões de hidratado, usado direto nos tanques dos veículos, e 10,7 bilhões de anidro, misturado em 27 por cento à gasolina.
"Além da expectativa de que a chegada de álcool combustível dos EUA no Brasil fique abaixo das importações recordes vistas na safra 2017/18, a melhora no cenário econômico brasileiro oferece perspectivas de que o consumo de combustíveis no país deve apresentar crescimento significativo ao longo do próximo ano-safra", destacou a INTL FCStone.
Segundo a consultoria, a moagem deve totalizar 592,5 milhões de toneladas, ligeira alta de 0,6 por cento sobre o ciclo anterior.
"Mesmo com o cenário climático durante a entressafra favorável, a idade média dos canaviais do Centro-Sul potencialmente atingindo um novo recorde deve limitar o crescimento do indicador de produtividade agrícola."
MUNDO
Os preços mais baixos para o açúcar neste ano, que devem desestimular a produção no centro-sul do Brasil, são reflexos da ampla oferta esperada, segundo a INTL FCStone.
A consultoria elevou também nesta terça-feira sua previsão de superávit global do adoçante na temporada 2017/18, iniciada em outubro, para 3,6 milhões de toneladas, de 2,8 milhões de toneladas na previsão anterior, de novembro, e déficit de 2,4 milhões na temporada passada.
"O balanço global de oferta e demanda de açúcar na safra 2017/18 deve consolidar superávit maior do que o esperado, devido ao incremento de produção da Europa e Ásia, em países como França, Alemanha, Índia e Tailândia", comentou a consultoria.