SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de café do Brasil na temporada 2020/21 (julho a junho) deve voltar ao patamar de 40 milhões de sacas de 60 kg, após uma colheita recorde que está começando no maior produtor e exportador global da commodity, previu nesta sexta-feira o analista Gil Barabach, da consultoria Safras & Mercado.
Segundo ele, as recentes exportações mais fortes do Brasil, impulsionadas pelo câmbio, além de possíveis temores de importadores com eventuais interrupções de fluxos por problemas relacionados ao coronavírus, poderão levar o país a exportar mais do que o previsto no ciclo que está se encerrando (2019/20).
Até o momento, a exportação de café do Brasil 2019/20 está estimada entre 34 milhões e 35 milhões de sacas, disse ele, admitindo rever os números para cima.
Em 2018/19, o Brasil exportou um recorde de cerca de 42 milhões de sacas.
A exportação volumosa de café do Brasil no fim do ano 19/20 reduz estoques e alivia pressão de preços que poderia ocorrer com uma colheita recorde 2020/21, acrescentou.
"O que a gente percebe é um fluxo grande nos últimos meses, as nossas exportações estão acima do esperado, já estava esperando um estoque de passagem pequeno...", disse ele, durante uma live transmitida em rede social.
Questionado se preocupações com o coronavírus poderiam trazer mais importadores ao Brasil neste momento, o analista disse que sim.
"Isso pode ser antecipação de compra, para se proteger de questões que envolvem o coronavírus, ela (antecipação) não é tão intensa, mas houve sim mudança no perfil de compra... Tem escassez de cafés suaves no mundo, outro motivo é para se proteger, se faz um pouco mais de estoques para se proteger de eventuais gargalos logísticos", afirmou.
Ele ressaltou, no entanto, que não há informações de problemas logísticos relevantes para a chegada de café brasileiro ao destino.
A colheita de café da safra 2020/21 do Brasil alcançava 13% do total projetado até 19 de maio, informou na quinta-feira a consultoria, que apontou atraso em relação ao ritmo do ano anterior e à média histórica, em meio a restrições associadas à pandemia de coronavírus.
(Por Roberto Samora)