Brasil espera que China e outros países possam afrouxar proibições comerciais por gripe aviária

Publicado 19.05.2025, 08:05
© Reuters. Carne de frango à venda em Montenegro (RS). REUTERS/Diego Vara/File Photo

Por Lisandra Paraguassu e Roberto Samora

BRASÍLIA (Reuters) - O setor avícola do Brasil está sofrendo com o primeiro surto de gripe aviária do país em uma granja comercial, mas as autoridades esperam que a China e outros grandes consumidores em breve afrouxem as proibições impostas para a importação de carne de frango de todo o Brasil.

Se o maior exportador de frango do mundo conseguir conter o surto no Rio Grande do Sul, a China poderá seguir o exemplo do Japão, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos e limitar as proibições apenas à carne de frango do Estado gaúcho, disseram autoridades do governo brasileiro.

"Como a demanda global é muito forte, é provável que em breve haja alguma flexibilização", disse Luis Rua, secretário internacional do Ministério da Agricultura. "Estamos fazendo nossa parte para compartilhar informações rapidamente para que as coisas não fiquem suspensas por muito tempo."

As exportações de carne de frango do Brasil representam mais de 35% do comércio global, o que torna uma proibição nacional dolorosa não apenas para os agricultores brasileiros, mas também para os principais importadores. O Brasil fornece mais da metade das importações de frango da China, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a maior parte do restante vem dos Estados Unidos.

Um surto devastador de gripe aviária nos EUA e tensões comerciais mais amplas com Washington limitaram o apetite chinês por carne de frango norte-americana. A China agora bloqueia a entrada desses produtos de mais de 40 Estados dos EUA devido à gripe aviária, de acordo com dados do governo norte-americano.

Os agricultores brasileiros também estão contando com as relações calorosas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente chinês Xi Jinping para aliviar a proibição do comércio de aves.

Renan Augusto Araujo, analista sênior de mercado da S&P Global Commodity Insights, disse que o surto ameaçava reduzir as exportações brasileiras de carne de frango em 10% a 20%, dependendo da rapidez com que o surto fosse contido e os consumidores abrandassem as proibições comerciais.

O Estado do Rio Grande do Sul, onde o surto foi registrado na sexta-feira, é o terceiro maior produtor de frango do país e já havia suspendido as exportações para a China devido a um surto isolado da doença de Newcastle no ano passado.

"Se não houver evidência (de gripe aviária) em nenhuma outra região do país, isso poderia de fato desencadear uma onda de flexibilização e esses países poderiam continuar a comprar do Brasil, exceto na região do Rio Grande do Sul", disse Fávaro.

A União Europeia e a Coreia do Sul estão entre os outros grandes importadores que proibiram o frango brasileiro.

DISSEMINAÇÃO PODE PIORAR AS PERSPECTIVAS

Caso um surto mais amplo de gripe aviária se espalhe pelo Brasil, como ocorreu nos Estados Unidos, autoridades e analistas disseram que as perspectivas poderiam se tornar mais sombrias. Esse cenário aumentaria as esperanças dos EUA de que a China diminua as restrições à carne de frango norte-americana.

Conforme um acordo comercial de Fase 1 que a China assinou com o presidente dos EUA, Donald Trump, durante seu primeiro mandato em 2020, a China deve suspender as proibições estaduais de carne de frango dos EUA 90 dias depois que os Estados eliminarem a gripe aviária das fazendas infectadas.

No entanto, a China manteve as proibições em vigor por mais tempo do que o definido no acordo, disse Greg Tyler, CEO do grupo setorial USA Poultry and Egg Export Council.

"Se o Brasil ficar fora desse mercado por 60 dias, a China precisará do produto", disse Tyler. "Esperamos que isso possa pressioná-los, juntamente com o fato de que estamos tendo negociações comerciais com os chineses neste momento, para tentar fazê-los voltar a cumprir o acordo de regionalização."

Tyler observou que a suspensão automática das importações brasileiras pela China por 60 dias já é mais branda do que seu acordo com os Estados Unidos.

"Eles estão conseguindo um acordo melhor do que o nosso", disse ele.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu em Brasília e Roberto Samora em São Paulo; Reportagem adicional de Oliver Griffin em São Paulo e Tom Polansek em Chicago)

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