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Brasil vai manter mais térmicas no período úmido, pode desligar as mais caras

Publicado 22.09.2021, 15:33
© Reuters. Usina de Furnas
8/09/2021
REUTERS/Washington Alves

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo brasileiro vai manter mais térmicas ligadas do que o normal durante o próximo período úmido, que começa em novembro, para poupar água nos reservatórios da hidrelétricas e enfrentar a época de menos chuvas em 2022, disseram nesta quarta-feira autoridades.

Já as termelétricas mais caras poderão ser desconectadas do sistema durante o período úmido, caso o regime de chuvas melhore nos próximos meses, o que ajudaria a reduzir custos para o sistema elétrico e consumidores.

Contudo, enquanto o país estiver lidando com os efeitos do pior período úmido nas hidrelétricas em mais de 90 anos, novas térmicas deverão ser despachadas em outubro e novembro, e o sistema poderá também contar com mais volumes de energia importada da Argentina e Uruguai.

"Durante o período úmido, algumas térmicas serão necessárias para replecionamento de reservatórios, mas vai ser a mesma térmica que está rodando agora? Não. Em janeiro e fevereiro temos muita potência disponível", disse o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Christiano Vieira.

"Na prática, a gente vai gerar mais térmica do que normalmente geraria no período úmido sim, mas não vamos gerar todas. As mais caras vão ficar de fora, as menos eficientes. Essa é a escolha econômica e racional", adicionou ele, em evento promovido pelos jornais Valor Econômico e O Globo.

"As caras não vão entrar. O setor elétrico corre atrás da carga, ou seja, nós temos que gerar a energia que a demanda exige, mas chega uma hora a demanda cai e, com a chegada das águas, vamos ter energia suficiente para atender praticamente tudo", complementou o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi.

O histórico ruim de chuva este ano obrigou o governo a adotar uma série de medidas e ainda criar um nova bandeira tarifária chamada "Escassez Hídrica", para ajudar a bancar os gastos com termelétricas, o que eleva custos aos consumidores.

A bandeira tarifária foi criada para sinalizar a situação das hidrelétricas, que respondem por mais de 60% da geração de energia no país.

O secretário do ministério destacou ainda que o planejamento para enfrentar a crise hídrica foi feito com um perspectiva de chuvas bem conservadora.

Se chover 70% da média histórica, já haverá um ganho expressivo nos níveis dos reservatórios, comentou.

Segundo o secretário, não há perspectiva de atraso no começo do período úmido na passagem de 2021 para 2022.

"Em se caracterizando um período úmido na média ou próximo a média, não precisa ser 100%, pode ser 70% da média, teremos água suficiente... mas isso depende de variáveis climáticas que não temos controle", frisou.

Ambos concordaram que as medidas adotadas pelo governo garantem o abastecimento e a potência do setor elétrico até 2022.

O diretor do ONS destacou também que o setor elétrico tem de desenvolver um planejamento com Agência Nacional de Águas, o órgão federal Ibama e outras entidades para um programa de recuperação dos reservatórios, permitindo que a água esteja disponível para os mais diferentes usos.

"Esse reposicionamento não se faz em um ano, não se faz em um único período úmido, isso é um programa", defendeu.

REDUÇÃO VOLUNTÁRIA

O programa de incentivo à redução voluntária de consumo de energia elétrica, outra medida do governo para lidar com a crise hidrelétrica, deve encerrar setembro com economia de até 500 MW, disse o secretário de Energia Elétrica.

O programa começou em setembro com aprovação de redução voluntária de demanda de pouco mais de 200 MW.

O secretário Vieira disse acreditar que a economia de energia, decorrente do programa, deverá aumentar em outubro. Mas ele não estimou um número para o próximo mês.

Desde 1º de setembro, o ONS está recebendo ofertas dos agentes para o programa Redução Voluntária da Demanda.

© Reuters. Usina de Furnas
8/09/2021
REUTERS/Washington Alves

Pelo esquema, compensa mais ao sistema elétrico arcar com os custos do programa do que despachar térmicas caras.

Podem participar do programa consumidores do mercado livre de energia ou agentes agregadores de demanda desses agentes (geradores e comercializadores).

 

(Por Rodrigo Viga Gaier)

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