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CENÁRIOS-Exportação de soja do Brasil em abril deve ser a menor para o mês desde 2015

Publicado 10.04.2019, 17:26
© Reuters. Navio é carregado com soja para exportação em Paranaguá (PR)
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Por Roberto Samora e José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações brasileiras de soja devem fechar abril em torno de 9 milhões de toneladas, o que seria o menor patamar para o período em quatro anos, segundo dados do governo e de programações de navios, mesmo após o salto nos embarques na primeira semana do mês.

As vendas costumam se acelerar a partir de abril, com a colheita praticamente finalizada no país, mas neste ano têm sido abaladas por uma safra menor e a concorrência externa mais acirrada, com os EUA contando com grandes estoques após disputa comercial com a China mais acentuada ao longo do ano passado.

O line-up mais recente da agência marítima Williams, de terça-feira, mostra que cerca de 5,8 milhões de toneladas de soja ainda devem sair pelos portos do Brasil entre esta quarta-feira e o fim do mês.

Somando-se isso aos 3 milhões exportados só na semana passada, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), seriam em torno de 8,8 milhões no fechado de abril, a menor quantidade desde os 6,5 milhões em igual momento de 2015 --há um ano, as exportações somaram 10,26 milhões de toneladas.

Uma avaliação mais otimista, do CEO da comerciante AgriBrasil, aponta que as vendas externas do país poderiam superar 9 milhões de toneladas em abril.

"Os meus dados dizem que iremos exportar 9,5 milhões de toneladas de soja este mês de abril", afirmou Frederico Humberg, da AgriBrasil, que avalia que, no melhor cenário, os embarques superariam 10 milhões de toneladas.

DISPARIDADE

As avaliações contrastam com o volume projetado para o mês pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), que estimou na semana passada 6,9 milhões de toneladas.

A Anec apontou na véspera embarques de apenas 2,1 milhões de toneladas na primeira semana de abril, enquanto o governo registrou 3 milhões no mesmo período.

Procurada para comentar a diferença, a associação afirmou que seus números são formados com informações de line-up enviados diariamente por diferentes agências marítimas, e que tal metodologia é adotada desde 2014 com o objetivo de fornecer dados que reflitam com maior acertividade os volumes que efetivamente foram embarcados.

A Secex não respondeu a um pedido de comentário da Reuters sobre seus dados de exportações de soja do Brasil.

Para a analista Daniely Santos, da Céleres, algumas razões poderiam, eventualmente, justificar o bom desempenho das exportações brasileiras de soja na primeira semana de abril.

"Acredito que esse número (3 milhões de toneladas) são os importadores se adiantando a esse cenário de estoques menores (no Brasil)", comentou, lembrando que a colheita deste ano no maior exportador mundial da oleaginosa cairá ante a do ciclo anterior.

"Além disso, com os problemas políticos no final de março, tivemos o dólar batendo em 4 reais, também uma conjuntura favorável para quem queria exportar", acrescentou ela, destacando que por ora a consultoria mantém previsão de embarques de 70 milhões de toneladas pelo Brasil em 2019, versus históricos 84 milhões em 2018.

Além da produção inferior, uma concorrência com outros produtores, sobretudo os EUA, que detêm amplos estoques após um 2018 às turras com China, responde por esse cenário de exportações brasileiras menores.

© Reuters. Navio é carregado com soja para exportação em Paranaguá (PR)

Para o analista Luiz Pacheco, da consultoria T&F, os chineses estão comprando um pouco nos EUA e outra parte no Brasil, para manter os preços da soja na bolsa de Chicago na casa dos 9 dólares por bushel.

"Tenho falado com grandes tradings e todas estão preocupadas com o ritmo de escoamento da safra, que está menor. Os armazéns estão enchendo e não sai soja", afirmou ele, que estima um volume de exportação para o mês semelhante ao da Anec.

Pacheco ressaltou que a exportação brasileira vai ser mais pausada este ano, com o Brasil disputando o mercado com os EUA, após ter dominado o mercado internacional enquanto os chineses preferiram os brasileiros em 2018.

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