PEQUIM (Reuters) - A China deve limitar as importações anuais de cereais a até 11 milhões de toneladas até que o governo consiga reduzir seus enormes estoques, disse o economista-chefe do Ministério da Agricultura, Qian Kemin, nesta segunda-feira.
Líderes do governo têm dito repetidamente que Pequim deveria controlar as importações para tentar reduzir o excedente de oferta porque os estoques recordes estão levando a problemas de armazenamento.
Importações anuais de 11 milhões de toneladas representariam um corte de 43 por cento nas importações de cereais ante o ano passado.
A China, maior consumidor mundial de milho, deverá acrescentar um volume recorde do grão aos seus estoques neste ano, com as reservas estatais respondendo por mais de metade do consumo anual do país.
O país importou 19,3 milhões de toneladas de cereais em 2014, com um crescimento impulsionado pelo sorgo, cujas importações subiram 439 por cento na comparação anual, para 5,77 milhões de toneladas.
No longo prazo, a China deve ser mais aberta às importações, dado que a produção doméstica anual de cereais deverá ficar limitada a 610 milhões de toneladas nos próximos cinco anos, disse Qian por meio de um site oficial (www.china.com.cn).
"Não deveríamos mais buscar uma colheita recorde pelo 12º ano consecutivo ou pelo 20º ano", disse Qian, que também é um membro da Conferência Consultiva Política da China, um órgão de aconselhamento do parlamento do país. Ele disse que uma eventual queda na produção, abaixo de 610 milhões de toneladas, poderia ser atendida com importações.
A safra de cereais da China cresceu pelo 11º ano consecutivo no ano passado, mas a colheita foi obtida com grandes custos ambientais. O uso de fertilizantes pela China responde por 35 por cento do consumo global, enquanto os recursos hídricos do subsolo são severamente explorados, disse Qian.
O economista estimou que o consumo total de grãos do país, incluindo soja, deva chegar a 720 milhões de toneladas em 2020.
A China, maior importador global de soja, comprou 71 milhões de toneladas da oleaginosa no exterior em 2014.
(Por Niu Shuping e David Stanway)