Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - Chuvas previstas para a segunda metade de dezembro indicam alívio para as ressecadas lavouras de soja no Paraná, embora o forte calor dos últimos dias já possa ter provocado perdas concretas, mesmo que pontuais, no segundo maior produtor da oleaginosa no país.
Na semana passada, especialistas já haviam alertado que, se as condições adversas se mantivessem, a safra de soja do Paraná poderia ser prejudicada, afetando o desempenho da produção do Brasil como um todo, por ora estimada em um recorde superior a 120 milhões de toneladas.
Nesta sexta-feira, o Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Agricultura do Paraná, disse que em Maringá "a baixa umidade do solo impede o bom enchimento do grão, ocasionando perda de produtividade e desenvolvimento das culturas".
Em Ponta Grossa, no centro-leste do Estado, já há enrolamento de folhas, murchamento e paralisação ou lentidão de crescimento das plantas.
"Quanto as perdas, certamente ocorrerão, porém ainda é difícil mensurá-las, pois caso chova dentro de alguns dias, parte das culturas poderá se recuperar, principalmente aquelas que estão em fase de crescimento. As que devem apresentar perdas maiores, são as que estão em floração ou frutificação, tanto para a soja (variedades precoces), milho e feijão", afirmou o Deral em boletim diário.
Segundo o Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon, algumas regiões do Paraná, no norte do Estado, tiveram um déficit de mais de 50 milímetros de chuva nos últimos 15 dias.
O analista Marcelo Garrido, que integra a equipe do departamento, destacou que a tendência é de "ter problemas".
"Mas não temos condições de falar em números, já que tem chance de reversão... Provavelmente vamos ter problemas pontuais. Podem ser mais isolados, que depois em uma média não fique tão grande", acrescentou, dizendo que o Paraná dificilmente baterá recordes de produtividade e que a porção oeste do Estado é a que mais preocupa.
É nesse cenário que sojicultores depositam as esperanças nas chuvas previstas para as próximas duas semanas.
De acordo com o Agriculture Weather Dashboard, todo o Paraná deve receber precipitações acima da média até praticamente o fim do mês.
O oeste é onde as chuvas mais superarão o normal, em 103,2 milímetros acima da média para o período. No noroeste (48,1 mm), centro-oeste (70,4 mm), sudeste (55,5 mm), centro-sul (50,2 mm) e centro-leste (56,3 mm) também terão mais água do que o normal.
O centro-norte do Paraná é onde as chuvas mais ficarão próximo do normal, com apenas 9,3 mm a mais que a média.
(Por José Roberto Gomes)