Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja do Brasil em 2019/20 deverá somar 123,8 milhões de toneladas, alta de 4,7% ante a temporada anterior, quando a produção foi atingida pelo clima desfavorável em algumas áreas, estimou nesta sexta-feira a consultoria Safras & Mercado.
O aumento previsto para o novo ciclo, que poderá levar o Brasil a se tornar o maior produtor global, está baseado também em um crescimento de área plantada de apenas 0,8 por cento, para 36,631 milhões de hectares --ainda assim, seria a maior área da história do país, segundo a consultoria.
"Se o clima permitir, o Brasil poderá se consolidar como o maior produtor do mundo da oleaginosa na temporada 2019/20...", destacou o analista da Safras Luiz Fernando Roque.
Se confirmada a projeção da consultoria, o país superaria os Estados Unidos na produção da oleaginosa, conforme projeção divulgada anteriormente pelo Departamento de Agricultura norte-americano (USDA), que tem um número um pouco menor ao da Safras para o Brasil.
A safra 2019/20 do Brasil começa a ser plantada em meados de setembro, enquanto a dos EUA está em desenvolvimento, após uma temporada de plantio no Hemisfério Norte afetada pelas chuvas excessivas, que colaboraram para reduzir expectativas de colheita norte-americana para 104,6 milhões de toneladas, segundo o USDA.
O recorde anterior na produção de soja do Brasil foi marcado em 2017/18, acima de 120 milhões de toneladas, quando produtores no maior exportador global de soja foram favorecidos por um clima favorável.
Na safra anterior (2018/19), o Brasil produziu 117 milhões de toneladas, enquanto os EUA colheram 123,7 milhões, segundo o USDA.
Apesar da projeção positiva, baseada na recuperação das produtividades ante 2018/19, o ritmo de aumento de área no Brasil deverá diminuir nesta safra, por incertezas sobre a questões fiscais e aumento de custos, além de recente queda nos preços da commodity, disse Roque.
Segundo ele, indefinições sobre os rumos do mercado internacional no contexto da guerra comercial EUA-China também "trazem um cenário de desconforto para o produtor brasileiro neste momento".
"Tal desconforto leva, inicialmente, à intenção de elevar pouco a área a ser semeada com soja na nova temporada. Além disso, a recente melhora na remuneração da pecuária brasileira diminuiu o ímpeto da transferência de pastagens para o cultivo da oleaginosa", comentou Roque.
Deverá haver algumas transferências de áreas de feijão e milho verão nas regiões centrais do país, mas também em um ritmo inferior às safras anteriores. A maioria dos Estados brasileiros deverá ter aumento de área na soja, indicou a Safras.
MILHO
Já a área plantada com milho no verão na nova safra deverá recuar, com produtores deixando para apostar no cereal na segunda safra, observou o analista Paulo Molinari.
"Os preços mais altos dos fertilizantes também favorecem com que os produtores optem por um cultivo mais expressivo da oleaginosa no verão", explicou o analista.
Inicialmente, Safras indica uma retração de 1,3% na área a ser plantada com a safrinha em 2019/20.
Dessa forma, a área total com o milho deverá ocupar 17,682 milhões de hectares, com recuo de 1,8% frente a 2018/19, o que resultaria em produção de 103,970 milhões de toneladas, versus históricos 107,492 milhões do ano anterior.
(Por Roberto Samora)