Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A comercializadora de eletricidade FDR Energia enviou mensagem a alguns clientes em que pede para renegociar condições de determinados contratos, após ser atingida por uma crise originada em problemas financeiros de outras duas empresas do setor, disse à Reuters o presidente da elétrica, Erik Azevedo.
O movimento vem após as comercializadoras Vega Energy e Linkx admitirem dificuldades para cumprir compromissos de entrega de energia em 2019, alegando que foram surpreendidas por uma forte alta dos preços spot da eletricidade neste ano, decorrente de chuvas fracas na região das hidrelétricas, principal fonte de energia do Brasil.
A situação já gerava temores no mercado de que outras comercializadoras fossem impactadas --isso porque, quando uma empresa não cumpre um contrato no mercado elétrico, o cliente é obrigado a comprar energia pelo preço spot, que está atualmente perto do teto permitido pela legislação.
"A FDR é uma empresa que nunca teve problema algum no mercado, muito pelo contrário. Mas em decorrência desse caso da Vega, um grande gerador informou que o contrato (que tinha com a FDR) não ia valer, e é um contrato grande", disse Azevedo, que não abriu nomes e volumes, alegando cláusula de confidencialidade.
Ele garantiu que a empresa não vendeu energia sem cobertura contratual, como a Vega admitiu ter feito, e afirmou que os problemas atuais são resultado prático do momento de tensão no mercado de energia, que reduziu a liquidez nas operações e levou outras empresas a não cumprirem compromissos.
"É importante frisar que estamos honrando com todas nossas obrigações, embora vários tenham deixado de cumprir conosco. O que a gente está propondo são renegociações pontuais. Estamos sendo transparentes. O pedido de negociação é com alguns clientes diretamente relacionados com os contratos afetados", explicou ele.
O executivo também não revelou montantes financeiros ou volume de clientes envolvidos nas renegociações.
No comunicado aos clientes, visto pela Reuters, a FDR Energia propõe, para "superar esta crise", que os compradores aceitem receber a energia contratada junto a ela nos meses de fevereiro a abril no submercado Nordeste, e não no Sudeste, como originalmente acordado.
"Todos acerto referente à diferença de preço entre Sudeste e Nordeste aconteceria no restante do período do ano de 2019", explicou a empresa no documento.
"Dessa forma teríamos tempo de reaver nossa posição no mercado, voltar às condições normais de operação e consequentemente superarmos este momento", acrescenta a nota.
Criada há sete anos, a FDR Energia tem faturamento de cerca de 350 milhões de reais e mais de cem clientes supridos, segundo informações do comunicado e do site da empresa.
(Por Luciano Costa)