SÃO PAULO (Reuters) - Um comitê do governo que reúne técnicos do setor de energia aprovou na quarta-feira uma metodologia que será utilizada para apoiar decisões sobre o acionamento de termelétricas além das recomendadas por modelos computacionais que guiam as operações do sistema elétrico.
A decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) visa conferir "maior transparência" às avaliações sobre a necessidade de uso dessas térmicas adicionais, uma vez que a metodologia poderá ser reproduzida e acompanhada por agentes da indústria, disse em nota o Ministério de Minas e Energia.
O sistema envolverá a perseguição de níveis mínimos de armazenamento que deverão ser mantidos nos reservatórios hidrelétricos de cada região ao final de um período de dois anos.
O armazenamento mínimo a ser buscado ao final do período é de 10% no Sudeste/Centro-Oeste, que concentra maior capacidade em reservatórios, e de 22,5% no Nordeste, segunda região em armazenamento. No Sul, será de 30%, e no Norte será utilizada como referência a curva referencial de armazenamento estimada para a hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores do país.
A metodologia, no entanto, não será determinativa-- as projeções serão acompanhadas por meio de uma curva de referência, sendo que quando os níveis de armazenamento ficarem abaixo da curva o CMSE deverá avaliar as condições para tomar as decisões sobre o uso das térmicas.
O acionamento de termelétricas além das determinadas pelos modelos que guiam a operação do sistema elétrico é por vezes necessário para manter em níveis adequados os reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de geração no Brasil. Mas esse despacho, conhecido como "fora da ordem de mérito", gera custos com as usinas que são rateados entre os consumidores de energia por meio da cobrança de encargos.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a metodologia de referência foi desenvolvida por grupo de trabalho da pasta junto ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
(Por Luciano Costa)