Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) -A safra de soja do Brasil em 2021/22 foi estimada nesta quinta-feira em recorde de 140,75 milhões de toneladas, alta de 2,5% ante o ciclo anterior, enquanto a produção de milho deverá ter forte recuperação após seca e geadas neste ano, indicando uma colheita total histórica, apontou a estatal Conab.
O plantio de soja, que já começou no maior produtor e exportador global da oleaginosa, deverá atingir uma área de 39,9 milhões de hectares, também um aumento de 2,5%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em seu primeiro levantamento focando a nova temporada, que ficou abaixo da expectativa média de analistas.
A companhia indicou ainda um volume total de grãos e oleaginosas do Brasil de 288,61 milhões de toneladas, 14,2% ou 35,87 milhões de toneladas superior ao obtido em 2020/21, com a recuperação do milho, principalmente.
A projeção foi feita apesar de incertezas climáticas, notou a Conab. "Os prognósticos sobre o clima dão indicações que o início da temporada deverá ser marcada pela continuidade dos efeitos do fenômeno La Niña, caracterizada pelo atraso e inconstância das condições climáticas", disse a estatal.
Apesar da favorável conjuntura de mercado para a soja --o principal produto do agronegócio e de exportação do Brasil--, a Conab ponderou que os custos com fertilizantes, defensivos e sementes apresentaram forte incrementos neste início de temporada e são fontes de preocupação com relação à rentabilidade futura.
A Conab apontou também que as exportações de soja em 2022 poderão atingir novo recorde de 87,43 milhões de toneladas, considerando importações chinesas e a fatia do mercado do Brasil, e disse que o processamento do doméstico poderia subir cerca de 6 milhões de toneladas, para 52,6 milhões de toneladas, mas isso dependeria da confirmação de misturas maiores de biodiesel, que estão sendo questionadas.
SALTO NO MILHO
Para o milho, a Conab projeta forte recuperação na produção em 2021/22, após a safra deste ano ter sido quebrada por seca e geadas.
A safra total foi projetada em 116,3 milhões de toneladas, aumento de 33,7% ante ciclo anterior, disse a Conab, ponderando que os números no primeiro levantamento deverão se ajustados, uma vez que grande parte da produção brasileira é concentrada na segunda safra, que será plantada somente em 2022.
De qualquer forma, a projeção de plantio total é de alta de 4,7%, para 20,86 milhões de hectares, com um ligeiro aumento de 1,6% na área plantada da primeira safra, que está sendo semeada, para 4,4 milhões de hectares.
Com um aumento na safra de milho, o Brasil deverá voltar a exportar patamares próximos de 40 milhões de toneladas em 2021/22, segundo a Conab, após embarques de 22 milhões de toneladas no ciclo anterior --o patamar maior de vendas externas pode voltar a colocar o país como segundo exportador global do grão.
De outro lado, as importações de milho também deverão recuar em mais da metade na nova safra, para 900 mil toneladas, trazendo alívio para a indústria de carnes, que enfrentou custos elevados com a principal matéria-prima da ração.
No algodão, a perspectiva inicial da Conab é de um aumento de 10,2% na área, para 1,510 milhão de hectares, que podem gerar um produção de 2,68 milhões de toneladas da pluma --mas ainda abaixo do recorde de mais de 3 milhões de toneladas do ciclo 2019/20.
A Conab projetou a safra de arroz 1,3% menor ante o ciclo anterior, a 11,6 milhões de toneladas. "Este resultado é reflexo principalmente das estimativas de amena redução das produtividade (-2,8%), apesar da projeção de expansão de área da cultura (+1,6%)."
(Por Roberto SamoraEdição de Maria Pia Palermo)