Taxas dos DIs têm leves altas em sintonia com o exterior
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A área plantada com soja no Brasil em 2025/26, cujo plantio está em fase inicial, foi estimada em 49,08 milhões de hectares, alta de 3,7% ante o ciclo anterior, com impulso da demanda sobretudo da China, que tem buscado mais o produto brasileiro diante da guerra comercial com os Estados Unidos, afirmou nesta quinta-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Os dados do estudo "Perspectivas para a Agropecuária 2025/2026" apontam ainda que a safra no maior produtor e exportador de soja poderia alcançar um novo recorde de 177,67 milhões de toneladas, alta de 3,6% ante o ciclo anterior, considerando uma produtividade praticamente estável versus 2024/25.
"Caso não haja nenhum problema climático, a produção nacional deve alcançar mais um recorde produtivo, reforçando a posição do Brasil como maior produtor mundial de soja", afirmou a estatal em nota.
Segundo a Conab, a demanda global pela oleaginosa continua em expansão, impulsionada pelo aumento do esmagamento para alimentação animal e pela maior produção de biocombustíveis, tanto no Brasil quanto no exterior.
A estatal citou também impactos da guerra tarifária entre China e EUA, beneficiando os embarques brasileiros.
"Com a previsão de redução nas exportações dos Estados Unidos e o aumento da procura global, aliado à expansão da produção brasileira, espera-se um crescimento expressivo das exportações brasileiras, sobretudo para a China, que absorve cerca de 73% da soja exportada pelo Brasil", disse a Conab.
A previsão de exportação é de um novo recorde de 112,12 milhões de toneladas de soja, ante 106,66 milhões no ciclo anterior.
Neste contexto, a agência afirmou que, mesmo com preços internos pressionados e desafios de rentabilidade, "a cultura mantém elevada liquidez e retorno atrativo aos produtores".
A Conab indicou um aumento de 3,1% na área plantada com soja em Mato Grosso, principal produtor brasileiro, para 13,13 milhões de hectares, e apontou avanços percentuais maiores nas novas fronteiras, como Pará (11,2%, para 1,4 milhão de hectares), Bahia (9,4%, para 2,33 milhões de hectares), Tocantins (7,4%, para 1,68 milhão de hectares) e Maranhão (6%, para 1,5 milhão de hectares).
O crescimento de área do principal produto do agronegócio brasileiro ocorreria mesmo em um cenário de juros e custos mais altos, fatores vistos por analistas privados como limitadores da expansão, segundo analistas ouvidos pela Reuters.
EXPORTAÇÃO DE MILHO TAMBÉM EM ALTA
Para o milho, o estudo indica uma área plantada no país em 2025/26 em 22,63 milhões de hectares, alta de 3,5% ante o ciclo anterior. "Esse movimento é sustentado pela expectativa de aumento no consumo interno, impulsionado principalmente pelo aumento da demanda do grão para produção de etanol, bem como pela perspectiva de maior demanda externa", afirmou.
A Conab notou que a maior demanda externa estaria relacionada a um possível redirecionamento das compras asiáticas do milho norte-americano para o sul-americano, "em resposta ao aumento de tarifas impostas por importantes países importadores na Ásia".
A exportação de milho do Brasil, segundo exportador global, foi estimada em 46,5 milhões de toneladas em 2025/26, ante 40 milhões no ciclo anterior.
Já a safra total do cereal no país somaria 138,28 milhões de toneladas, queda de 1% ante o ciclo anterior, diante de uma perspectiva de redução na produtividade média nacional.
"Essa queda de produtividade decorre do patamar excepcional registrado na safra 2024/25, beneficiada por condições climáticas amplamente favoráveis", explicou.
O milho e a soja respondem pela maior parte da produção de grãos e oleaginosas do Brasil em 2025/26. Considerando todos os produtos, incluindo também algodão, arroz, entre outros, a safra deverá somar 353,76 milhões de toneladas, alta de 1% na comparação anual, segundo o estudo.
A área plantada com grãos e oleaginosas do Brasil em 2025/26 foi estimada em 84,24 milhões de hectares, alta de 3,1% na comparação anual.
ARROZ EM QUEDA, ALGODÃO EM ALTA
A área plantada com algodão no Brasil em 2025/26 foi estimada em 2,16 milhões hectares, alta de 3,5% ante o ciclo anterior, segundo o estudo. "A boa rentabilidade e a possibilidade de venda antecipada da produção têm levado os produtores a optarem pela cultura ou a ampliarem suas áreas", disse a estatal.
A produção poderia crescer 0,7% ante o ciclo passado, alcançando o recorde de 4,09 milhões de toneladas (pluma).
A exportação do Brasil, maior exportador mundial da pluma, somaria novo recorde de 2,95 milhões de toneladas, versus 2,94 milhões no ciclo anterior.
No caso do arroz, a previsão indica queda de 5,6% ante o ciclo anterior, para 1,66 milhão de hectares.
A Conab explicou que o cenário para safra 2025/26 de arroz no Brasil se apresenta "mais desafiador", resultado da ampliação da produção nacional e internacional em 2024/25, que gerou excedente de oferta e desvalorização do grão.
A safra de arroz foi prevista em 11,46 milhões de toneladas t, queda de 10,1% ante o ciclo anterior.
(Por Roberto Samora)