Por Marcelo Teixeira
SÃO PAULO (Reuters) - A brasileira Copersucar, maior comerciante global de açúcar e etanol, espera uma produção menor de açúcar no centro-sul do país na atual temporada devido ao envelhecimento de canaviais e ao clima seco e vê uma perspectiva mais positiva para os preços do adoçante no futuro.
A companhia espera uma produção total no centro-sul em 2018/19 de 28 milhões de toneladas, contra 36 milhões de toneladas na safra anterior, disse a jornalistas o presidente da companhia, Paulo Roberto de Souza.
A moagem de cana total é estimada pela empresa em 555 milhões de toneladas, ante 596 milhões de toneladas na temporada anterior.
A companhia brasileira, que é responsável por vender o açúcar e o etanol produzidos por 35 usinas associadas no centro-sul, fechou a temporada 2017/18 com a moagem de 85 milhões de toneladas de cana, queda de 3 por cento ante a safra anterior. A expectativa para 2018/19 é de uma moagem de 83 milhões de toneladas.
A empresa disse que seu lucro líquido na última temporada caiu 42 por cento, para 147 milhões de reais, com o impacto de menores ganhos em sua joint venture de comércio de açúcar Alvean, uma parceria com a Cargill.
"Os preços do açúcar caíram devido à sobreoferta global e nós também tivemos volatilidade nesses preços, que impactaram (negativamente) a Alvean", disse Souza.
O volume negociado pela Alvean na temporada passada ficou estável, em 12,1 milhões de toneladas, ou cerca de um terço do mercado global de exportação. A unidade originou 7,9 milhões de toneladas desse volume no Brasil, menos que nas temporadas anteriores.
Souza disse ver um ambiente mais difícil para a Alvean originar açúcar no Brasil na atual temporada. "Nós vamos ter que lutar para manter a originação em 7,9 milhões de toneladas", afirmou.
A Copersucar contribuiu, por exemplo, com 4,5 milhões de toneladas para o volume que a Alvean originou do Brasil no ano passado, mas irá produzir apenas 4 milhões de toneladas neste ano.
A Copersucar irá elevar ligeiramente a produção de etanol para 4,5 bilhões de litros na nova temporada, contra 4,3 bilhões de litros em 2017/18. As vendas de etanol no Brasil estão atualmente dando um retorno financeiro equivalente a um hipotético preço de 16 centavos de dólar por libra-peso de açúcar, segundo Souza.
O mercado futuro na bolsa ICE aponta para cerca de 12 centavos, para o contrato julho, atualmente.
Ele disse, no entanto, ver uma perspectiva mais positiva para os preços do adoçante.
Ele afirmou que houve pesadas vendas por produtores nas últimas semanas, quando os futuros em Nova York saltaram e a moeda brasileira se desvalorizou. Mas esse tipo de venda é menos provável no futuro, o que deve tirar alguma pressão dos preços.
"O mercado está começando a absorver a noção de que haverá bem menos açúcar do Brasil do que se pensava", disse.