Por Alberto Alerigi
SÃO PAULO (Reuters) - O grupo de energia CPFL espera ainda para este mês uma solução negociada com o governo federal para mitigar o impacto financeiro produzido pelo risco hidrológico das geradoras de hidroeletricidade do país, afirmou o presidente-executivo da companhia, Wilson Ferreira Jr., nesta segunda-feira.
"Eu tenho expectativa de que em maio tenhamos solução para esse tema que possa ser aplicada às empresas", disse o executivo durante teleconferência com analistas do setor elétrico.
As discussões com o governo federal envolvem a aplicação do chamado fator "GSF" (déficit de geração hídrica). O déficit ocorre pelo fato de as hidrelétricas serem obrigadas por órgãos reguladores a gerar menos eletricidade para poupar água dos reservatórios, o que as leva a ter de comprar energia no mercado de curto prazo a preços mais caros para honrar contratos de fornecimento, gerando despesas adicionais de bilhões de reais.
Segundo Ferreira Jr., o GSF em 2015 ficará entre 16,5 e 17 por cento, bem acima dos cerca de 8 por cento no ano passado, considerando a perspectiva de que a carga de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) neste ano ficará estável sobre 2014. Para 2016, a expectativa para o GSF é de 8 por cento.
O executivo comentou ainda que "é óbvio" que a CPFL tem interesse em oportunidades de aquisições de distribuidoras de energia no país que podem acontecer neste ano por conta de possível venda de empresas da Eletrobras, por ser um negócio que precisa de escala.
Às 13h14, as ações da CPFL recuavam 1,19 por cento, enquanto o Ibovespa operava estável.
A empresa divulgou na noite de sexta-feira que encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de 142 milhões de reais, queda de 18,4 por cento sobre o resultado obtido no mesmo período do ano passado.
Segundo Ferreira Jr., o nível dos reservatórios das hidrelétricas no SIN está em cerca de 35 por cento, perto do patamar em que estava na mesma época em 2001, um mês antes da decretação de racionamento de energia no país.
Porém, para o executivo, é "muito improvável a necessidade de qualquer restrição de consumo de energia (neste ano), seja por causa do aumento das tarifas, seja pelo consumo mais baixo".
Segundo as contas da CPFL, se de junho a novembro as chuvas que chegarem aos reservatórios das hidrelétricas do país forem equivalentes a 87 por cento da média histórica para o período, o sistema terá em novembro um armazenamento de 15 por cento, acima do nível crítico de 10 por cento definido pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Ferreira Jr. afirmou ainda que entre 2004 e 2014 a média de afluências nas hidrelétricas durante o chamado período seco, que vai do final de abril a novembro, foi de 104 por cento, e que a probabilidade de chuvas abaixo da média histórica para o período é de 28 por cento.