RIO DE JANEIRO (Reuters) - A atual crise de desabastecimento de combustíveis no Brasil após dias de greve de caminhoneiros contra os preços do diesel é a maior ao menos desde a abertura do mercado de petróleo do país, em 1997, quando o governo acabou com o monopólio da Petrobras (SA:PETR4) no setor, disse à Reuters o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Aurélio Amaral.
Ele acrescentou que, após promessas do governo que incluem uma redução dos preços do diesel e um congelamento por 60 dias, seguido por reajustes mensais, a situação começa a melhorar em alguns Estados, embora esteja ainda longe do ideal e uma normalização possa demorar pelo menos uma semana.
"Essa é a maior desde a abertura do setor em 1997", disse Amaral.
Ele afirmou que em São Paulo, onde estão as principais refinarias, a situação segue "bem complicada", porque ainda há muitos bloqueios e caminhoneiros que resistem em encerrar o movimento.
A região do Porto de Suape, em Pernambuco, também é vista como ainda em estado "crítico", segundo ele, que classificou a situação como "ruim" em Minas Gerais, Rondônia, Roraina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Sergipe.
Por outro lado, há uma maior fluidez de abastecimento em grandes cidades como Rio de Janeiro e Brasília, depois que algumas associações de caminhoneiros responsáveis pelo movimento recomendaram o fim da paralisação após o pacote de medidas do governo em atendimento às demandas da categoria.
Também contribuiu para a melhora no abastecimento de combustíveis a realização de escoltas de tropas federais a caminhões-tanques por todo país.
“A situação está melhorando. No RJ já há postos com algum combustível. Em Brasília já não há mais bloqueio nas bases de distribuição, com caminhões saindo em comboios e postos já abastecendo", disse o diretor da ANP.
“Dependendo da logística de cada lugar, volta ao normal em cerca de uma semana, mas em alguns lugares até mais de uma semana", acrescentou.
No Rio de Janeiro, os militares assumiram o fluxo de entrada e saída da caminhões-tanque da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), diversas escoltas estão sendo feitas tanto de cargas de combustível como de alimentos. De madrugada, 300 caminhões de alimentos foram escoltados para as centrais de distribuição de gêneros alimentícios, que estavam em falta em mercados, bares e restaurantes.
De acordo com o gabinete de intervenção federal na segurança pública do RJ, foram escoltados mais de 125 caminhões-tanque no Estado desde domingo.
(Por Rodrigo Viga Gaier; texto de Luciano Costa; edição de Pedro Fonseca e Roberto Samora)