SÃO PAULO (Reuters) - A produção de açúcar do centro-sul do Brasil na temporada 2024/25 deverá ficar quase 9% abaixo do esperado, em meio ao tempo seco e queimadas nos canaviais que atingiram o Estado de São Paulo, maior produtor de cana do país, de acordo com avaliação da Czarnikow apresentada em evento em São Paulo.
A empresa de trading e serviços do mercado de commodities agora projeta a produção de açúcar do centro-sul em 39,2 milhões de toneladas, a segunda maior da história, com uma queda de mais de 7% na comparação com o recorde do ciclo anterior.
Com isso, os estoques de passagem de açúcar do centro-sul serão os menores pelo menos desde 2020/21, ficando abaixo de 2 milhões de toneladas, segundo apresentação feita na conferência Novacana.
De acordo com a analista Ana Carolina Zancaner, do CZ app, o aplicativo e portal de análises de mercado da empresa, diante do clima seco severo, a qualidade da cana da safra atual não permite a utilização máxima da capacidade de cristalização adicionada nos últimos anos no Brasil.
Com relação aos incêndios, ela citou dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) apontando que mais de 230 mil hectares de canaviais foram atingidos, algo em torno de 4% da área de São Paulo. Em 2021, o fogo pegou cerca de 150 mil hectares.
A estimativa de moagem de cana foi reduzida de 608 milhões de toneladas para 594 milhões de toneladas.
Dessa forma, a oferta de açúcar estará equilibrada até meados de 2025, antes de se tornar superavitária.
Ela mencionou ainda que a recuperação das safras do Hemisfério Norte reduz a dependência pelo açúcar brasileiro, "mas não muito", já que o Brasil seguirá respondendo por mais de 70% das exportações globais.
Para a próxima temporada (2025/26), a analista observou que qualquer estimativa agora se trata de um "jogo de adivinhação", após chuvas abaixo da média desde o primeiro trimestre deste ano e diante de incertezas de como será o clima a partir de outubro.
(Por Roberto Samora)